segunda-feira, 12 de setembro de 2011

"Boleiros da Arquibancada" entrevista: Osvaldo Reis, o Pequetito

De Belo Horizonte.
Por João Vitor Cirilo e Matheus de Oliveira.

12/09/11 - Olá, amigos! Retomamos o nosso quadro de entrevistas trazendo um grande nome da comunicação esportiva em Minas Gerais. Estamos falando de Francisco Osvaldo Pereira Reis, ou simplesmente Osvaldo Reis mas, como ele mesmo diz, pode chamar de "Pequetito" que também gosta.

Osvaldo Reis, 51 anos de idade e 33 de rádio. A qualidade da narração dispensa comentários. Não à toa, já foi escolhido o melhor narrador de Minas Gerais no ano de 2007. Nasceu na pequena cidade de Monte Santo de Minas e é narrador do Sistema Globo de Rádio (Globo/CBN) em Belo Horizonte desde o ano de 2001.

Confira toda a emoção transmitida na narração do Pequetito em dois momentos. Um com o Atlético Mineiro, outro com o Cruzeiro.

Ouça os dois gols da final do Campeonato Mineiro em 2010, na vitória do Atlético por 2 a 0 sobre o Ipatinga. O primeiro de Tardelli. O segundo, do ídolo do torcedor atleticano, Marques.

Osvaldo também narrou a goleada de 5 a 0 do Cruzeiro pra cima do Estudiantes, na primeira partida da Libertadores em 2011. Ouça o primeiro gol do jogo, marcado por Wallyson:

Deixamos o agradecimento ao amigo Osvaldo por essa oportunidade de conversarmos um pouco e trazermos essa entrevista aqui para o nosso Boleiros da Arquibancada. No bate-papo, conversamos sobre a carreira, jornalismo, comunicação esportiva e algumas curiosidades, além do bom e velho futebol. Confiram e opinem sempre que puderem.

Pequetito recebeu, em 2007, o prêmio de melhor narrador de Minas Gerais, categoria do Troféu PQN.
(Foto retirada de: www.radiodeverdade.com/)

Você já tem muito tempo de carreira, Osvaldo. Poderia nos contar como foi a sua caminhada?
Claro que posso, mas é longa. Tudo começou na infância, tipo 5 anos. Pegava uma latinha de massa de tomate e ficava falando “alô, alô”, já queria me comunicar. Enquanto meu irmão e meus amigos subiam em árvores e faziam outras peripércias, eu dava meus primeiros passos naquilo que tornaria minha profissão de fé. Aí veio narrar jogos de botão, declamar na escola, cantar, até que com 17 pra 18 anos tive uma chance na Rádio Progresso de Monte Santo de Minas, minha terra natal. E de lá pra cá minha vida se mistura com minha carreira. Tenho 51 anos de idade e, praticamente 33 de rádio. Já fiz de tudo. Apresentei programas jovens, disk-jockey, repórter, noticiarista, até chegar a narrador em 1984, na Rádio Culura de Alfenas. Depois fiz um “tour” pelo sul de Minas: Rádio Atenas FM de Alfenas, Rádio Difusora de São Sebastião do Paraíso, Rádio Passos, até que em 94 prestei um concurso na Rádio Inconfidência, passei na única vaga que tinha pra narrador e fiquei por lá até 2001, quando fui contratado para ser o narrador titular do Sistema Globo de Rádio, a Globo/CBN aqui em BH. É isso.

Os bordões como “vai que eu tô te vendo” e tantas outras citações são marcantes em suas transmissões. Em sua opinião, qual a importância dos bordões na história da narração esportiva do Brasil?
Confesso que relutei um pouco no inicio da carreira, mas hoje acredito que marca. É legal as pessoas te cumprimentam na rua dizendo “aí Pequetito, vai vai vai que eu tô te vendo, paixão e fé! É rede , é rede , é rede...”

Quem lhe deu o apelido de “Pequetito”?
Esse apelido é meu maior legado porque era assim que meu saudoso pai era conhecido, “o Seu Pequetito”, e eu herdei com muito orgulho essa bênção dele. É meu nome, com certeza... me honra muito.
Osvaldo, Marques (ex-jogador), Mário Marra, Guto Rabelo e Hércules Santos. Clique nos nomes para conferir outras entrevistas.

Qual a melhor preparação para um narrador esportivo antes das partidas?
Um aquecimento vocal de 5 a 10 minutos, concentração, água e sempre a ajuda do “papai do céu” pra que corra bem. E vamos pro ar...

Já narrou algum outro esporte além do futebol? Algum que ainda desejaria narrar?
Sou um narrador esportivo. Claro que faço mais transmissões de futebol, mas também narro vôlei, basquete, futsal, handebol, missa, enterro, batizado... (risos). Brincadeirinha... cara, na boa, quem é narrador não pode escolher, pintou tem que fazer. Jogou na parede, miou, é gato, entendeu? É isso aí...

Um fato em sua carreira merece destaque. Em 2002, juntamente com José Carlos Araújo, você dividiu a narração da final da Copa dos Campeões, entre Cruzeiro e Paysandu. Ora um narrava um lance, ora outro. Como foi essa experiência?
Primeiro, dividir uma cabine ao lado de um ícone da narração esportiva é um privilégio, uma honra. Foi bacana. Até o Garotinho gostou... então, valeu.

No final de 2010, Osvaldo Reis realizou o sonho do pequeno Eric Vinícius, de oito anos. O garoto enviou uma carta ao "Papai Noel dos Correios" pedindo que o mesmo realizasse seu sonho de conhecer o narrador.
(Foto: Marco Antônio Astoni / Globoesporte)

Conseguiu alcançar o objetivo que planejava na carreira ou falta algo que queira fazer e não teve oportunidade?
Nossa! Falta muito! “Tô” muito novo... (risos). Amigo, eu sonho sempre, quero fazer mais quatro, cinco Copas, Jogos Olímpicos, mais Libertadores, mais, mais, muito mais. Eu amo o que faço e ainda recebo por isso, só que tinha que receber bem mais... (risos)
Pequetito, sabemos que, mesmo com sua carreira já consolidada, você procurou fazer o curso de jornalismo. Qual importância disso na profissão de um comunicador?
Muito grande. Me rejuveneci 20, 30 anos. A gente tem que procurar aprender sempre, estudar, nunca achar que sabe tudo. Quem pensa dessa forma está morto e não lhe avisaram... Agradeço à minha família que me incentivou e me levou à faculdade depois de quase 28 anos longe de uma sala de aula. Meu beijo especial à minha esposa Rejane e meus filhos Carolina e Guilherme.
Quando está de folga, qual narrador o Pequetito gosta (ou gostava) de ouvir?
Minha eterna homenagem ao maior narrador esportivo desse país, Osmar Santos. Sempre que posso ouço suas narrações. São uma bênção para nossa alma. Temos aqui em BH ótimos locutores. O “Caixa” (Mário Henrique) é bom demais, o Albertinho (Alberto Rodrigues) é uma referência pra todos nós. Em São Paulo e Rio, o “Garotinho” (José Carlos Araújo) é show , o Oscar (Ulisses) também arrebenta, e acredito no jovem Guto Rabelo. Está ganhando corpo, experiência, segurança, e tem “dom” pra coisa.
Na Rádio Globo, com Leonardo Figueiredo e Mário Marra.
Suponhamos que você recebeu a missão de montar sua equipe esportiva com os melhores de cada função no rádio. Quais os narradores, comentaristas, repórteres e plantonistas da comunicação esportiva brasileira trabalhariam em sua equipe? (Podendo citar também os já falecidos).
Cara, que pergunta difícil. Mas vamos lá:
Narradores: Osmar Santos, Oscar Ulisses e Mario Henrique.
Comentaristas: Mário Marra, Lélio Gustavo e Osvaldo Pascoal.
Repórteres: Hércules Santos, Ângelo Ananias, Roberto Abras, Pingüim e Eraldo Leite.
Plantão: Silvio Filho e o nosso querido Brucão (Marco Antônio Bruck).
A quê se deve a assombrosa fase das equipes mineiras no ano de 2011?
Falta de planejamento, contratações sem critério, vendas precipatadas, arrogância e vaidade de quem dirige os clubes.
Apostas para o campeão brasileiro?
O Campeonato esse ano está muito equilibrado, não dá apostar, mas quem está na parte de cima leva um pouco de vantagem. Hoje, na minha avaliação, pra tirar do eixo Rio-São Paulo, só o Inter, que vem crescendo nos últimos jogos. O Brasileirão esse ano é um torneio Rio-São Paulo, ou estou falando bobagem?
Aos futuros jornalistas esportivos, alguma orientação?
Leiam muito, ouçam muito, vejam tudo, falem, escrevam, treinem, a repetição é muito importante na vida de um jornalista. O que você fez bom hoje, amanhã poderá fazer melhor. Não parem de sonhar, acreditem naquilo que estão procurando, vá a luta, e boa sorte. É uma profissão maravilhosa. Como em todas, tem seus espinhos, obstáculos, tem os picaretas de plantão, os traíras, os que são egoístas ao extremo, só pensam neles. Mas a maioria é de gente bacana e que ama o que faz.

2 comentários :

  1. O pequetito gostava muito também do Fiori Gigliotti, mas era fã mesmo do Osmar Santos e, todo mundo sabia, lá em São Sebastião do Paraíso, quando ainda namorava a Rejane, nas baladas do Katatoko's, que o Pequetito era CORINTHIANO. Essa vocês não sabiam...

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  2. Pedro Golo e muito bom ouvir o Osvaldo Reis

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