terça-feira, 21 de junho de 2011

"Boleiros da Arquibancada" entrevista: Guto Rabelo

De Belo Horizonte.
Por João Vitor Cirilo e Matheus de Oliveira,

21/06/11 - Olá, amigos. Mais uma vez trazemos até vocês uma entrevista especial. Conversamos com Luiz Augusto Rabelo, ou simplesmente Guto Rabelo, narrador das Rádios Globo e CBN de Belo Horizonte. Conversamos com Guto sobre comunicação, sua carreira e futebol mineiro.

Qual o significado da comunicação em sua vida?
A comunicação é uma companheira que me segue desde criança. Sempre gostei de brincar de narrar futebol no vídeo-game, brincava de escrever jornais com notícias dos campeonatos que fazia e ler muito a respeito de esportes. Hoje, além de sinônimo de prazer, é minha profissão, minha forma de ganhar a vida.

Em sua opinião, o jornalismo em si ficou banalizado após a decisão de que não é preciso ter diploma para exercer a função?
Olha, é claro que sou totalmente contra a não exigência do diploma, mas, felizmente, vejo que há uma seleção natural no mercado. No mundo competitivo de hoje, ter diploma deixou de ser diferencial, é requisito básico. Quem deseja ter uma boa colocação, não precisa apenas do diploma, e sim de uma série de qualidades. As empresas não deixaram de buscar profissionais com diploma, apesar da mudança na legislação.

Em sua chegada ao Sistema Globo de Rádio, a intenção já era assumir a narração ou veio ocasionalmente?
Eu sempre gostei de narrar, é o que mais gosto de fazer. Comecei a narrar com 15 anos numa emissora de Três Pontas, minha cidade natal. Entrei no Sistema Globo de Rádio como estagiário, então, sabia que no primeiro ano não seria viável narrar. Mas, passado exatamente 1 ano, fui contratado e já narrei o primeiro jogo, um Villa Nova x Ponte Preta, no Independência, pela Copa do Brasil, em 2007.

Guto e Fábio Pinel. 
(Foto retirada de www.fabiopinel.com.br)

Na sua característica da narração, no seu ritmo, não percebemos uma influência clara de algum outro narrador. É um estilo que parece ser bem autêntico. Algum narrador te influenciou? Quem você pegou como exemplo para começar?
Acho que, nos últimos anos, de fato, consegui adotar um estilo próprio de narração, mas no começo, a minha referência era Oscar Ulisses, da Rádio Globo SP. Continua sendo até hoje, mas acho que já tenho um estilo mais próprio hoje em dia. Mas, estamos sempre nos moldando e ouvir grandes narradores é sempre um aprendizado. Me espelho em outros nomes também como Osvaldo Reis (Pequetito), Deva Pascovicci, Mário Henrique, Marcelo Gomes, José Carlos Araújo, Silva Júnior.

Guto, você narrou a partida entre Sada Cruzeiro e Sesi, pela final da Superliga, para toda a Rede CBN. Foi a primeira transmissão em rede nacional? (Aproveito para elogiar a transmissão que pude acompanhar do Ginásio do Mineirinho).
agradeço pelo elogio. Foi a primeira vez que narrei vôlei, mas não foi a primeira narração em rede nacional. Aliás, gostei muito de narrar vôlei, ainda mais um jogo tão emocionante. Fiquei muito feliz com a repercussão. Recebi várias de mensagens de ouvintes. E minha primeira transmissão em rede foi na Copa do Brasil do ano passado, Atlético x Santos. Transmiti os jogos no Mineirão e na Vila Belmiro, para a rede CBN e Globo Minas. Depois vieram outros jogos, entre os quais destaco o Jogo das Estrelas promovido por Zico, no fim do ano passado, no Rio de Janeiro. Pela Rádio Globo RJ narrei para toda a rede e foi uma experiência fantástica.


Guto Rabelo e Cláudio Resende. 
(Foto retirada do site Papo de Bola, de Edu César)

Como você enxerga o mercado do jornalismo esportivo em Minas Gerais? Há espaço para todos que tenham competência?
Infelizmente não temos um mercado tão abrangente quanto praças como Rio de Janeiro e, principalmente, São Paulo. Especialmente no rádio o mercado é bem restrito. Mas, para os profissionais competentes e diferenciados acredito que sempre existe vaga.

Qual a partida mais marcou o narrador Guto Rabelo? E pelo lado torcedor?
Essa é uma pergunta muito difícil (rs). Como narrador, talvez pela emoção, importância e qualidade do jogo, uma partida que marcou foi a vitória do Atlético 3 x 2 sobre o Santos pela Copa do Brasil, ano passado, no Mineirão. Até pelo fato de ter sido minha primeira narração em rede. Como torcedor entra uma discussão interessante. Tenho um pouco de receio de revelar o time que torço. Não por pensar que não devo, pelo contrário, acho que os jornalistas deveriam todos revelar os times que torcem. Defendo uma relação mais transparente possível entre profissional de imprensa e seu público, mas, infelizmente, muitos de nós jornalistas e boa parte dos interlocutores não está preparada para esse tipo de relação. Gostaria que isso mudasse. Contudo, apesar do receio, aqui vai uma revelação. O jogo que mais marcou como torcedor aconteceu no dia 17 de dezembro de 2005. Com uma vitória suada de 1 a 0 sobre o Liverpool, gol de Mineiro, o São Paulo conquistava o seu terceiro título Mundial.

Qual a sua opinião sobre o off-tube?
Às vezes, é positivo. Viajar com freqüência é cansativo e nos priva de muitas situações pessoais. Além disso, representa economia importante para as empresas. No entanto, para qualquer narrador é bem melhor quando ele narra no estádio. No meu caso especificamente, tenho um estilo de locução mais rápida, gosto sempre de estar em cima do lance. Quando estou no estádio, consigo fazer algo que prezo muito que é gritar gol antes daquele alvoroço da torcida.

Pequetito, Marques (ex-jogador), Mário Marra, Guto Rabelo e Hércules Santos.
(Foto retirada do site Papo de Bola, de Edu César)

Uma transmissão no rádio é quase que totalmente à base do improviso, o que torna impossível não errar. Lembra de alguma grande gafe cometida no ar?
É verdade, estamos sempre sujeitos a armadilha. Olha, minha maior gafe, pelo menos, que lembro, Aconteceu justamente no primeiro jogo que narrei. Ainda em Três Pontas, estava narrando um jogo de futsal. De repente, houve uma falta e, quando aconteceu a cobrança, eu gritei bem alto e demoradamente: “A bola bateu na buuuuuuunnnndddaaaaa do fulano!!!" Fiquei todo desconcertado na hora, o gerente da rádio estava do lado e morreu de rir. Hoje com mais experiência, até brincaria com a situação no ar, mas naquele dia eu fiquei perdido. rs

Qual o seu objetivo profissional? Projetos para o futuro na carreira, Guto?
Trabalho em rádio há 12 anos e sou apaixonado, mas sempre tive sonho de narrar em TV. Portanto, isso é algo que pretendo em alcançar no futuro.

Qual sua expectativa para os times mineiros no segundo semestre? O Atlético vai conseguir manter as boas atuações iniciais? O Cruzeiro sairá dessa má fase? E o América? Se mantém na primeira divisão?
Costumo ser otimista ao falar dos clubes mineiros. Sou fã do trabalho do técnico Dorival Júnior e por todo o trabalho que está sendo feito no clube acho que o Galo vai longe. Acredito que vai brigar por Libertadores. O título também não é impossível. O Cruzeiro começa uma nova fase com Joel Santana. Acho que o novo treinador vai dar novo ânimo. O plantel tem qualidade e o time ainda deve brigar lá em cima. Minha preocupação maior é o América. Se conseguir diminuir o índice de erros individuais, pode permanecer na Série A.

Se fosse o presidente do Cruzeiro, manteria Cuca no cargo de treinador ou contrataria outro treinador?
Manteria Cuca no cargo, desde que não constatasse nenhum problema mais grave entre comissão técnica e jogadores.

Santos ou Peñarol?
Santos. Tem mais time e Neymar deve fazer a diferença.

Deixe uma dica aos futuros narradores esportivos.
Sempre digo que narração esportiva é 60 a 70% de transpiração e o restante de dom. Acredito sim, que exista a aptidão, pessoas que nasceram para aquilo, mas com muito treino, dedicação e persistência é possível se tornar um grande narrador. Acompanhar os mais experientes, ouvir, assistir, ler muito, além da prática e do treinamento constante são os melhores caminhos para evolução.

Agradecemos ao Guto pela disponibilidade e gentileza e desejamos muito sucesso na continuidade da carreira.

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