quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Boleiros da Arquibancada entrevista: Hércules Santos

De Belo Horizonte.
Por Matheus de Oliveira e João Vitor Cirilo.

17/02/11 - Olá, amigos! Nesta edição do nosso quadro de entrevistas, trazemos um bate papo com o repórter, hoje setorista do Atlético-MG pela CBN/Rádio Globo, Hércules Santos. Desde já, deixamos os agradecimentos ao Hércules pela gentileza em nos atender, respondendo a algumas de nossas perguntas. Aproveite para conhecer um pouco mais da carreira do grande repórter do Sistema Globo de Rádio.


Hércules Santos na cabine da Rádio Globo no estádio Prof. Dario Leite Rodrigues, em Guaratinguetá.

Nossa primeira pergunta é sobre a vida pessoal. Em que cidade nasceu? A infância foi marcada pelo futebol, ou veio por acaso na sua vida?
Sou de Belo Horizonte, filho de uma família de baixa renda e, por isso, com uma infância de muito sacrifício e trabalho logo cedo. No futebol sempre fui um teimoso e insistia em jogar bola. Aos poucos fui descobrindo certa habilidade no gol e fico na ‘peleja’ até hoje nesta posição ingrata. Sempre gostei muito de futebol e me imaginava narrando jogos. Graças a Deus tenho a oportunidade de trabalhar neste universo que, confesso já me encantou mais. Hoje vejo que a magia fica mais por conta do torcedor.

Conte-nos sobre o início da sua carreira. Onde começou? Lembra do seu primeiro registro no rádio? Teve muitas pedras no caminho até chegar a uma grande emissora? Quem mais lhe ajudou?
Sempre penso que eu ainda estou começando. Afinal de contas me formei em jornalismo somente em 2005. Antes, porém, comecei trabalhando na Rádio Caratinga, em uma equipe que eles mantinham em Belo Horizonte. Por lá iniciei minhas atividades como narrador. Minha primeira narração em uma partida inteira foi em 13 de março de 2002 no jogo Atlético 3x0 Sport pela Copa do Brasil.
Como em todo começo foi muito complicado pra mim porque nessa época me dividia entre trabalhos de locutor (meu ganha-pão oficial) e a nova experiência no rádio. A correria era imensa, mas a vontade prevaleceu.
Sobre pessoas que me ajudaram, penso que seria injusto da minha parte mencionar nomes, uma vez que praticamente todos com os quais convivo me ajudam muito.

Cite os veículos de comunicação em qual trabalhou.
Comecei na Rádio Caratinga, de lá fui para a Rádio Mineira, como estagiário de jornalismo e em seguida Rede Mineira de Rádio. Em setembro de 2003 fui aprovado no processo seletivo para estagiários do Sistema Globo de Rádio onde estou até hoje.

O seu interesse inicial sempre foi a reportagem esportiva ou mais alguma área do jornalismo te interessa?
Meu interesse sempre foi falar. Entrei na faculdade para isso: falar em rádio, TV, ou outro qualquer veículo que me permitisse usar a voz. Quando comecei a cursar Comunicação Social me policiei bastante para não escolher editoria porque sempre soube que o mercado é muito concorrido

Conte-nos como foi a experiência de transmitir algumas partidas como narrador.
Como disse anteriormente, comecei como narrador, mas como não tive uma boa sequência na Globo perdi um pouco da embocadura. Mas a experiência é sempre legal porque retorno às origens. Vale ressaltar que narração está intimamente ligada à sequência de trabalho. Narrar só ‘de vez em quando’ como eu faço é terrível para qualquer um. O ouvinte sempre quer o melhor e a falta de ritmo deixa o trabalho a desejar.

Como surgiu a oportunidade de ser setorista do Atlético?
Foi tudo naturalmente. Como estagiário sempre fazia cobertura dos adversários de Atlético e Cruzeiro, além de América, Ipatinga ou outro clube mineiro que tivesse destaque. A partir de 2005 comecei com cobertura de clubes, inicialmente no Cruzeiro. Em 2006 fiz a pré-temporada do Galo em Ipatinga e no ano seguinte passei a cobrir o Atlético. No sistema Globo há uma diferença em relação a outras coberturas mineiras. Os repórteres trocam de clubes quando a chefia julga necessário. Vez por outra faço cobertura também do Cruzeiro ou outro time.

Gostaria de trabalhar com qual profissional que não teve, ou, ainda não teve a oportunidade?
Gostaria de ter talento suficiente para ser músico. Porém, não tenho competência para ser um profissional da música e fico nesta atividade apenas como diversão.

Como setorista do Atlético, vem acompanhando a pré-temporada e a atuação dos jogadores nos coletivos. Qual seria o Atlético, com o Hércules Santos no comando?
Bom, a primeira coisa seria pedir ao Kalil um centro-avante para substituir Obina. Mas, com o que “tenho em mãos” o Galo seria: Renan Ribeiro; Zé Luis, Rever, Leonardo Silva e Leandro; Toró, Richarlison, Serginho (Ricardinho) e Diego Souza; Tardelli e Magno Alves (Jobson). Naturalmente, conto com todos os jogadores em forma.

Como surgiu o bordão, na hora da descrição do gol: “faz a boa, a boa hora pra toda massa atleticana”?
Esse bordão veio de uma música romântica de autoria de um amigo de faculdade, Luciano Mafra. Ele me convidou para acompanhar a banda dele como contrabaixista e em uma das canções havia a expressão “chegou a boa hora de amar” ... Rs... Comparei a emoção do gol à de uma relação homem/mulher, sexo etc ... e experimentei lançar a frase. Naturalmente com a devida permissão do autor.

Conhecemos profissionais que cobrem determinada equipe mesmo não sendo torcedor dela. Mas, normalmente as empresas designam pra esse tipo de cargo o jornalista que se identifica com o clube. Você encaixa em qual dos perfis?
No sistema Globo o coração não interfere na escala de trabalho. Como disse, cubro Atlético, Cruzeiro, América, etc ... Então, não me incomodo em trabalhar com informações do clube que não é de minha preferência na arquibancada. Aliás, acho bem interessante o que dizem sobre mim nos blogs e internet em geral. Alguns me chamam de cruzeirense, outros de atleticano. Acho isso ótimo e prefiro me reservar aos mais íntimos quanto ao time de minha preferência. Infelizmente muitos ‘torcedores’ não são educados o suficiente para entender algumas diferenças.

Hércules, outro dia discutíamos entre nós blogueiros sobre a possível dificuldade de um repórter que trabalha atrás do gol. Como você faz para driblar, em algumas situações, a falta de visão devido à longa distância, principalmente quando se trabalha com um único repórter na partida?
Neste caso o único contratempo é trabalhar com um repórter somente. É muito complicado quando, por exemplo, o narrador pergunta quem vai cobrar o escanteio no lado oposto em que eu estou, pelo time adversário e com o jogador de frente pra mim. Tenho que recorrer rapidamente a algum repórter de outra emissora que tenha um colega do outro lado do campo. Caso contrário, digo simplesmente que não sei. Sobre ficar atrás do gol, é algo inerente à própria função, uma vez que esse repórter foi criado para informar detalhes que os outros não vêem por estar tão perto do campo de jogo. Porém, com as câmeras de TV tão potentes, é preciso buscar detalhes além do normal.

O repórter setorista convive diariamente com os jogadores e comissão técnica da equipe que cobre e, com isso ocorre uma amizade ou mesmo um coleguismo com eles? Isso influencia o setorista a não falar certas coisas para poupá-los de certas críticas ou não pode acontecer?
Eu procuro evitar intimidade pra ficar o mais isento possível. Até hoje não tive problemas em criticar ou elogiar, exceto quanto Emerson Leão era técnico do Atlético em 2007 e 2009. Ele se irritava muito com algumas perguntas que eu fazia.

O maior momento do repórter é o furo de reportagem, a descrição do gol, ou outro?
A partir do momento em que se abre o microfone tudo é importante. Porém, há casos em que a vaidade fala muito alto, então coisas como furo de reportagem, grito de gol, entrevistas exclusivas ganham destaque.

Quais as suas recomendações para quem deseja trabalhar na área do jornalismo esportivo?
Ter muita paciência, gostar do que faz, ter a certeza de que sempre está aprendendo, não se deixar levar pelas muitas vaidades e se preparar para ganhar pouca grana ...rs...

Pelo que observa neste início de temporada, dá pra imaginar que o futebol mineiro fará bom papel no decorrer dos campeonatos?
Penso que é muito cedo ainda, principalmente porque no meio do ano haverá a tal janela de transferências internacionais que pode desfalcar os nossos times. Mas, acredito que Galo e Cruzeiro vão desempenhar bons papéis em âmbito nacional. Tenho receio quanto ao América porque a Série A está muito forte este ano.

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