terça-feira, 8 de novembro de 2011

A velha guarda do futebol - Parte III

De Belo Horizonte.

08/11/11 - Na terceira parte da série, apresentaremos algumas das mais tradicionais charangas do Brasil, a do Atlético-MG, Cruzeiro e a do Vila Nova-MG.

Por Rodrigo Vessoni - Revista Roxos e Doentes, 2009, ano 2, edição 5.

Galôô...
A rubro-negra foi apenas a precursora, originando diversas bandas. Em Minas Gerais, a mais famosa é a Charanga do Galo, fundada por “Júlio, o mais amigo”, na década de 1960. O surgimento se deu com integrantes de uma escola de samba chamada Surpresa, no boêmio bairro da Lagoinha, em Belo Horizonte, que resolveram unir a música e a paixão pelo Clube Atlético Mineiro. Júlio era o dono de uma grande loja de varejo de alimentos e adotou a charanga do Bororó. O famoso grito Galôôô, Galôôô... misturou-se à letra de um samba e deu origem à adaptações: “Quem quiser ver é só subir o Morro/ o Galo mora no meu barracão./ Pergunta ao Tião/ Galô... Ele sabe onde é!/ Galô...”. Tião era um ponta esquerda atleticano.

Em 2008, a charanga do Atlético-MG completou 40 anos. Localizada na área central do anel superior do Mineirão, a bandinha é tão tradicional nos jogos do Atlético-MG como o fanatismo da torcida. Atualmente, a charanga só acompanha a equipe em Belo Horizonte, mas nem sempre foi assim.
Charanga do Galo nas escadas de acesso às arquibancadas do Mineirão

Durante muitos anos, os músicos viajavam de ônibus. Na década de 1970, a charanga acompanhava o Galo a São Paulo, Rio de Janeiro, entre outras cidades. Sem ajuda financeira da diretoria, seus participantes não tem como bancar os custos. Por isso, aproveitam para participar de festas comemorativas do clube, projetos e eventos, mantendo a mesma maneira de divertir e incentivar as pessoas.
Uma das marcas registradas da tracidional Charanga do Galo é a música Vou Festejar, de Beth Carvalho, que se tornou uma espécie de segundo hino do Atlético-MG, entoado entusiasmadamente pelos torcedores do clube. A cantora foi a atração principal do show em comemoração ao título da Série B do Campeonato Braileiro, no Mineirão, após jogo com o América-RN, em 2006.

A esteira dos rivais
O locutor e animador de auditório Aldair Pinto foi quem organizou a Charando do Cruzeiro. Suas participações nas rádios Itatiaia (Aldair Pinto Show, final da década de 1970), Capital (Capital Cidade Aberta, início da década de 1980) e Mineira (Programa Aldair Pinto, passagem rápida) ajudaram a proliferar a banda do seu clube decoração. Além disso, junto ao copositor e maestro Jadir Ambrósio, promoveu músicas e marchinhas de carnaval com o tema Cruzeiro.
Aldair Pinto, radialista e fundador da charanga do Cruzeiro
Ainda em Minas Gerais, aparece a tradicional charanga do Villa Nova, de Décio Félix dos Santos (63). O clube foi fundado em 1908, por funcionários da mineiradoa Saint John Del Rey Mining Company. O nome do time homenageou a cidade de Nova Lima, à época Villa Nova de Lima, assim mesmo, com dois ‘eles’. A importância da charanga é tão grande na cidade que, recentemente, na comemoração dos 100 anos do Leão, seu Décio foi homenageado com a Medalha do Mérico Desportivo. No carnaval, a charanga vira Bloco Leão Maluco, lembrando o masco te do Villa. O grupo desfila no sábado da semana de festa para levar os foliões ao tradicional baile Vermelho e Branco. Sua banda é formada basicamente por músicos que tocam na famosa charanga do Villa.

No sul do país, o maior destaque vai para a Garra Xavante, do Brasil de Pelotas. O tradicional clube do Rio Grande do Sil é representado pela charanga que, muitas vezes, causa mais repercussão do que o próprio time.


Na próxima e última parte da série, apresentaremos as charangas no exterior e a estreita ligação do carnaval carioca com as bandas de torcidas organizadas.

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