quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A velha guarda do futebol - Parte II

De Belo Horizonte. 

A segunda parte da série apresenta a influência da charanga comandada por Jaime de Carvalho, no comportamento da torcida brasileira na Copa de 1950, especialmente na partida do Brasil contra a Espanha.

Por Rodrigo Vessoni - Revista Roxos e Doentes, 2009, ano 2, edição 5.

Copa no Rio
A inauguração do Maracanã em 1950 marcaria uma nova fase na vida de Jaime de Carvalho: a chefia da torcida da Seleção Brasileira no estádio recém-inaugurado, construído especialmente para o país sediar a Copa do Mundo daquele ano – o primeiro torneio após 12 anos de intervalo, em virtude da Segunda Guerra Mundial. Em O Vermelho e o Negro – Pequena Grande História do Flamengo, o escritor Ruy Castro conta um episódio ocorrido no jogo Brasil e Espanha. A torcida, empolgada com a campanha do time comandado por Zizinho e Ademir Menezes, lotava o Maracanã. No final do jogo com placar 6 a 1, a charanga tocou a debochada Touradas de Madrid, sucesso do carnaval de 1938. Em instantes, quase 200 mil pessoas cantavam a música. Anônimo na arquibancada, o compositor da canção, João de Barro, pôs-se a chorar. 
Torcida brasileira canta "Touradas em Madrid", no Maracanã,  para provocar os adversários
O Brasil perderia a Copa três dias depois, na fatídica derrota por 2 a 1 para o Uruguai. No entanto, a torcida comemorou como se estivesse com a taça. Jayme ainda participaria da Copa do Chile, em 1962, quando o Brail obteve o bicampeonato das eliminatórias no Paraguai, válidas para o Mundial do México, em 1970, e da Copa da Alemanha, em 19744, onde organizava várias passeatas por cidades alemãs. Ele só não esteve na Suécia, em 1958, e na Inglaterra, em 1966, mas comnadaria a Charanga do Flamengo até morrer. Antes disso, em 1976, passou a liderança da torcida à mulher, Laura (76), que manteve o grupo ativo nos anos de 1980. 

Sofrendo com o surgimento de novos tipos de organizadas, que adotaram a violência e passaram a influenciar a política do clube, a charanga já não ecoava como antes e deslocou-se para o anel inferior do Maracanã. Pouco tempo depois, limitou-se à partidas amadoras e eventos sociais. Em 2008, retornou aos estádios, fazendo festa nas cadeiras inferiores. Hoje se reduz a uma banda de oito músicos, tão desafinados quanto os do tempos de Jaime de Carvalho. Na apresentação de Adriano, o Imperador, foi o grupo que recepcionou o astro na Gávea.

No próximo capítulo da série, apresentaremos algumas das charangas mais tradicionais do país, além da rubro-negra.
Confira parte I: http://boleirosdaarquibancada.blogspot.com/2011/10/velha-guarda-do-futebol-parte-i.html

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