domingo, 22 de janeiro de 2012

Coluna: E no dia que a Copinha acabar, o que a molecada "eliminada" vai fazer?

De São Paulo.



A Copa São Paulo de Futebol Júnior é uma vitrine para a nova geração de jogadores que surgem das categorias de base. Há clubes que revelam um, dois, três ou mais por edição. Mas também existem outros que não revelam nenhum jogador, às vezes por questão de elenco profissional inchado, ou por não saberem lidar com a idade dos jovens ou até por não fornecê-los um apoio psicológico.

Nessa Copinha pude ver nas equipes trabalhos completamente antagônicos. Por exemplo, no grupo V, acompanhei os seis jogos da primeira fase e tive a oportunidade de falar com os treinadores do CATS, CSA e do Coritiba. Nos três fiz a mesma indagação: como foi feito o trabalho com os jogadores antes de iniciar a Copinha?

Para não ficar extenso e exaustivo demais, vou sintetizar as respostas. O treinador do Coritiba, José Carlos, disse que lá no Paraná eles treinam em dois períodos, tem alimentação controlada por nutricionista, recebem ajuda de custo (salário), estudam por conta do clube e alguns jogadores que estão no Coritiba Football Club jogam juntos desde os 8 anos de idade.

Já no Taboão da Serra, a equipe foi montada três meses antes de iniciar a competição e ficou em período de treinamento na cidade litorânea Guarujá. Tudo ficou sob os comandos do treinador Marcos Bruno que tentou entrosar a equipe formada por parcerias entre Guarujá e Taboão. No primeiro jogo, o Taboão perdeu para o São Caetano por 4 a 1 e o então treinador que havia sido contratado somente para o campeonato, foi demitido. Moisés Maciel, treinador do profissional assumiu a equipe nos dois jogos restantes.

E por último, o treinador Ênio de Oliveira me deu a resposta que mais me chamou a atenção. Segundo ele, recebeu o convite para administrar a equipe duas semanas antes de viajar para São Paulo (Bom, pelo menos eles vieram de avião, subsidiado pelo governo de Alagoas). O ápice da resposta veio na hora que ele falou que não consegue chamar metade do time pelo nome porque os desconhece. E não soube me dizer como era o trabalho antes dele chegar.

Em suma, garotos que no máximo têm 18 anos (vai, tem uns "gatos*" no meio) recebem tratamentos diferentes e por consequência, produzem de maneira diferente: o CSA foi o lanterna da chave, e colecionou duas goleadas, sendo a última por 8 a 0; o CATS não conseguiu a sonhada classificação, por outro lado, revelou três jogadores que serão aproveitados no time principal e o Coritiba está na semifinal da competição com grandes chances de títulos e com no mínimo 6 jogadores projetados para o time principal.

Agora chegamos às indagações: caso os jogadores do CSA, do Taboão e até mesmo do Coxa, não vierem a se tornarem profissionais de seus clubes, o que fazer? Terão eles usufruído do esporte para benefício pessoal no que tange a atitude de cada jovem como cidadão? - O que acha caro leitor?

Para mim, que já passei de perto pelas duras jornadas de peneiras (agora chama avaliação técnica), testes físicos entre outros, sei como foi e como é difícil a vida de alguém que almeja um lugar ao Sol no mundo do futebol (isso serve para as outras modalidades esportivas também). Aprendi muito, mas acho que poderia ter aprendido muito mais. Faltou isso, faltou aquilo, não tinha tal coisa e por aí vai. A realidade, é que muitos jovens não têm a estrutura como a do Coritiba, por exemplo. Às vezes não estudam ou empurram com a barriga os anos letivos sem aprender bulhufas.

Pois bem companheiros, viver na esperança de alcançar um sonho sem uma válvula de escape ainda é o plano de muita gente.

*gato = segundo o dicionário Bolério, gato é ato ou efeito de falsificar documentação para se adequar à idade regulamentada.

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