sábado, 12 de novembro de 2011

Coluna: "A bola está comigo" - Vergonha desnecessária

De São Paulo. 

Pelo título parece que a seleção brasileira enfrentou o Gabão e foi derrotada, cravando um vexame na sua história. Na verdade, o jogo foi bem tranquilo para o time conquistar o resultado, o mais importante, segundo Mano Menezes. Porém, colocar nossa equipe tão tradicional e que se prepara para a maior obrigação de sua história numa fria e num gramado desses era completamente desnecessário.

Gramado? Eu vi apenas um lamaçal...
(Foto: Celso Paiva/Terra.com)

Ter a tarefa de vencer uma Copa do Mundo em casa não é trabalho tranquilo de se fazer. Por sinal, já deixamos escapar uma vez em 50, no único mundial disputado em solo brasileiro. Para ‘facilitar’ este trabalho de complicações acima do comum, o mínimo que precisamos ter é uma equipe de grande qualidade, aliando a tradicional técnica dos jogadores de nosso país com uma parte tática eficiente, bem trabalhada e com funções muito claras.

Para começar, nosso treinador esta sendo prejudicado. Por não contar com os jogadores que atuam no Brasil a seleção fica deficiente, não tendo os melhores jogadores de cada posição. Além disso, não consegue treinar os titulares da forma eficiente que quer. Após muitos anos nossa seleção volta a depender de atletas dos clubes brasileiros, um avanço grande. Mas por causa do 'excelente' calendário da CBF não são chamados na reta final do campeonato nacional, com o objetivo de não prejudicar as equipes. Uma atitude certa, só que ninguém da CBF se move para mudar este quadro, afinal, é ela que define as dadas das partidas e pode acabar com essa zona.


Sendo praticamente obrigado a convocar somente os brasileiros do exterior, para não ser (ainda mais) criticado, Mano optou por mudar o esquema de jogo, colocando em campo o 4-4-2 e mandando para o banco o 4-3-3 (4-2-3-1) que pretende assimilar aos seus jogadores e à seleção. Com isso, a tarefa que já é complicada, de formar um time entrosado taticamente e estar à altura de seleções unidas há mais tempo, como Alemanha, Holanda, a campeã Espanha e nossa rival Argentina, fica muito mais complicada do que já é.

Não estou aqui para defender Mano, mas é preciso deixar claro quando a culpa de jogos ruins ou de rendimento longe do ideal nem sempre é somente do treinador ou dos jogadores. Na partida de quinta-feira, Hernanes teve boa atuação, mostrando que pode ocupar a vaga no meio campo. No meu time, ele estaria ao lado do meia, como segundo volante, pois tem bom apoio ao setor ofensivo e ainda se garante na marcação à frente do cão de guarda, o 1º volante.

Hernanes, camisa 7, foi o destaque da Seleção na partida,
deixando sua marca no placar
(Foto: Getty Images)

Alguns nomes da escalação podem ser criticados, como o zagueiro Luisão. Se o alvo do treinador é renovar o time, tanto em relação à idade quanto a nome de jogadores, o defensor não deveria estar ali, muito menos na titularidade. Jonas não me agrada no ataque, mas é um dos nomes em ‘boa’ fase na Europa. E que fase dos brasileiros do setor ofensivo lá fora, não? Poucos estão se destacando, como Hulk, o restante vive mau momento ou não consegue se destacar em sua equipe.

Em suma, este jogo que tinha dois objetivos fora de campo (inaugurar o estádio no país do adversário, e embolsar alguns cascalhos pra CBF com mais um amistoso) e que foram atingidos, só que não ficam evidentes para todos. Porém, o objetivo principal do treinador e o sonho de todos os brasileiros ainda vai demorar. 2014 é o sonho mais belo, só que pode se tornar o segundo maior desastre da história da seleção brasileira, contando o Maracanaço de 1950 como a maior tragédia desta brilhante e gloriosa trajetória da equipe canarinho.

Neste sábado a jogada foi por minha conta, Arthur Stabile, mas faço questão de mandá-la para a fortalezense Anna Natália, nossa representante feminina, que manterá o excelente nível da coluna neste domingo com seu charme e desenvoltura, sempre trazendo análises incríveis para os senhores, caros leitores.


0 comentários :

Postar um comentário