segunda-feira, 27 de junho de 2011
Tragédia vermelha e branca
Arthur Stabile,
de São Paulo.
(27/06/11)
Este foi um fim de semana histórico na Argentina. Pela primeira vez na história do campeonato local um time considerado grande foi rebaixado à segunda divisão do futebol. A cobaia da vez foi o River Plate, clube tradicional, de grande torcida e passado maravilhoso, mas que vive a pior crise de sua vida. Dívidas assolam o clube, que nada pode fazer sem ter como investir, restando rezar para que esse período triste se acabe.
Apesar do fim trágico a história e o campeonato conspiravam a favor do algoz brasileiro em algumas Libertadores. No campeonato argentino um time só é rebaixado com a soma dos pontos dos últimos três anos e ainda disputa a vaga na Série B com um dos clubes que foram bem na divisão de baixo no mesmo ano.
Com isso o River fez um excelente péssimo trabalho. A má administração vem de tempos e recebeu um prêmio, não dos mais esperados, porém, o que foi plantado pelos dirigentes teve frutos neste domingo. A equipe conseguiu ter uma das piores somas dos últimos três campeonatos e se classificou para jogar a repescagem da primeira divisão, tendo o Belgrano como adversário.
As partidas sem dúvida alguma teriam emoção do começo ao fim e com final enigmático e temido pelas duas torcidas, principalmente a do alvirrubro. O primeiro jogo foi fora de casa e muito duro, para os visitantes. Tensos, não conseguiram impor a camisa e a história que o River possui em campo, sendo dominados pelos donos da casa. Derrota por 2x0 e com direito a invasão dos torcedores, cobrando e ameaçando os jogadores.
Se o drama era pouco conseguiu ficar pior no Monumental de Nuñez. Precisando de dois gols de diferença a vida na elite futebolística estava próxima do fim. E este final ia se aproximando a cada minuto do jogo de volta e preocupava ainda mais a todos envolvidos com o time. Na primeira etapa o time foi bem, conseguiu render mais que o adversário e abriu o placar com Pavone, de fora da área. O Belgrano teve um gol corretamente anulado e esta foi a sua única tentativa na metade inicial da partida.
Animada e esperançosa a equipe retornou ao gramado com o objetivo na mente: conseguir o segundo gol e salvar todo o passado glorioso do time. Entretanto, a ideia não saiu da mente, ficou muito longe da ponta das chuteiras. Pressão em todo o segundo tempo, com direito a penalidade máxima desperdiçava por Pavone, além de outra não marcada. O desespero foi aumentando a cada lance não aproveitado. E o pior pesadelo dos torcedores foi confirmado.
Se alguém pensou que a queda foi selada com o apito do arbitro se engana. Parte da própria torcida do River não se segurou e começou uma confusão sem tamanho, forçando o final do jogo por falta de segurança, mesmo sem o apito final do juiz. Lágrimas, angústia e desespero eram vistos dos dois lados. No gramado os jogadores, meras cobaias de anos de incompetência, pagaram o pato e ficaram marcados no pior capítulo do clube. Nas arquibancadas os torcedores estavam desolados, não acreditavam no que presenciaram, porém, era real, a pior realidade possível para eles.
Nos últimos suspiros tudo conspirava contra o clube e não poderia acabar de outra forma. Uma nova batalha está diante do time. Agora não adianta apontar este ou aquele culpado, a união tem que existir se sonham em se reerguer e colocar de novo no seu posto verdadeiro: a elite. Não só do seu país, mas na elite da América e do Mundo, pois o River Plate é uma das equipes mais fortes do continente, porém, precisa conquistar de novo a força e nome de sua camisa.
Fotos: AFP / Alexandre Lozetti
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