quinta-feira, 26 de maio de 2011

"Boleiros da Arquibancada" entrevista: Antero Greco, por Gustavo Carratte

26/05/11 - Olá, amigos. Trazemos até vocês uma entrevista realizada por Gustavo Carratte, de São Paulo. O entrevistado foi o grande comentarista Antero Greco. O post original está no blog Conexão Fut (http://conexaofut.com.br/). Confiram mais essa entrevista no blog Boleiros da Arquibancada.


O Conexão Fut visitou os estúdios da ESPN Brasil, em São Paulo, para entrevistar um grande ícone do jornalismo esportivo.

Antero Greco nasceu em 02 de Junho de 1955, e atualmente é comentarista dos canais ESPN, além de ser colunista e editor de esportes de "O Estado de S. Paulo". Iniciou em 1974, como revisor do jornal Estadão. Três anos mais tarde, tornou-se repórter de esportes. Depois, foi chefe de reportagem, repórter especial e editor assistente. Passou também pela Agência Estado, pelo Diário Popular - hoje, Diário de S. Paulo -, sendo chefe de reportagem, editor assistente e colunista. Em 2000, voltou para o Estadão, de onde nunca mais saiu.

Em 1983, participou das primeiras transmissões do Campeonato Italiano pela TV Bandeirantes, juntamente com o narrador Edgard de Mello Filho e com o comentarista Pedro Luiz Paoliello. Em 1989, também teve rápida passagem pelo já extinto Popular da Tarde. De Setembro a Novembro do mesmo ano, trabalhou na Folha de S. Paulo.

Na ESPN, chegou em 1994, a convite de José Trajano. Antero foi um dos criadores do programa "Futebol no mundo", sendo redator até 2000, quando, enfim, chegou ao Sports Center. Jornal apresentado até hoje por ele e por Paulo Soares, o Amigão, com quem tem uma amizade muito grande, deixada bem clara também nas apresentações do jornal que começam no fim da noite e adentram à madrugada.



Como é a sua relação com o bairro Bom Retiro?
Glorioso bairro do Bom Retiro. Adoro esse bairro. É minha citação frequente aqui na ESPN, no Estadão, no blog. É um bairro que eu tenho uma ligação afetiva muito grande até hoje. Falo que meu bairro é o Bom Retiro, embora more no Sumaré. Moro aqui há 30 anos, quer dizer, há mais tempo do que vivi lá, mas o Bom Retiro é meu bairro. Chego lá com os olhos fechados, conheço as ruas até pelos buracos delas. No Sumaré, ainda peço licença para chegar.

Admirável essa sua relação com o Bom Retiro, bairro onde foi fundado o Corinthians, em 1910. Por ser um bairro corinthiano, com você tendo essa ligação tão forte com ele, qual foi a sua principal motivação para ser torcedor palmeirense, caso realmente torça para o Palmeiras?
Na verdade, não existe essa questão da motivação. Eu tenho uma origem italiana. Agora, dizendo uma coisa que sempre repito em todas as conversas ou entrevistas, sem querer ser metido ou presunçoso nem nada, considero um detalhe secundário. Tem cara que assume e tal, mas acho algo secundário. A gente não se preocupa com um crítico de cinema para saber qual o tipo do gênero que ele mais gosta. Também não perguntamos para um repórter de política qual é o partido dele. A mesma coisa para um economista, para um crítico literário. E um jornalista esportivo precisa falar o seu time. E se associa esse profissional ao time. Não gosto desse tipo de personagem. Não estou nem aí para os times. Não me importa, não me interessa, sabe? Não tenho nenhuma ligação pessoal com time, com dirigentes, com jogadores. É evidente que, quando se trabalha no esporte, é porque gosta. Claro, o cara que trabalha com o futebol e não tem um time, está no lugar errado. Mas existe um negócio que é a vida, a experiência, a profissão, um respeito que a gente merece e tem que se dar. Eu não quero essa criação de um personagem. Não gosto, não quero, jamais vou associar a minha imagem a um time de futebol. Quem me pagou os salários, sempre foram as empresas de jornalismo por qual trabalhei. No dia em que eu defender um time por razão pessoal, deixo de trabalhar no esporte. Continuarei sendo jornalista, mas em outra área. Não vou ficar defendendo "meu time". Não existe esse time. E, pior ainda, quando houver algum tipo de interesse, aí sim eu abandono a carreira. Vou para o outro lado do balcão, ser assessor de imprensa ou algo do tipo. E já fui até convidado para ser assessor, do próprio Palmeiras. Agradeci muito a lembrança, mas não estava ainda no meu projeto profissional ser assessor de um time de futebol.

E essa é uma posição que sempre teve, desde o início de sua carreira, ou com o passar do tempo, já na profissão, foi perdendo um pouco a graça e chegou a conclusão de que essa era a melhor maneira de levar a vida como jornalista?
Desde o começo, sempre deixei bem claro, pra mim mesmo e para todos que trabalhavam comigo, que não era a minha essa coisa de associar meu nome a algum time. Não misturo as coisas. Se o cara for o tal do jornalista torcedor, com todo respeito, tem que trocar de área ou de profissão. O sujeito tem que ter um preparo emocional e profissional para exercer a função dele com isenção, com transparência, com equilíbrio. Já vivi situações de extrema euforia e muita tristeza, pelo ponto de vista pessoal, mas profissionalmente tive e acredito que consegui fazer bem meu papel. Infelizmente, alguns criam um gênero até, fazem um tipo, assumem um personagem. Não tenho tipo, nem personagem, nem nada. Não acho legal.

Em uma de suas definições no twitter @AnteroGreco, você utiliza a palavra bibliômano. É isso mesmo? Você tem um coleção imensa de livros? Algum número estimado?
Rapaz, se eu dissesse que queria uma sala cheia de livros, seria pouco. Tenho um apartamento alugado só para essa minha coleção particular de livros, fora os que tenho em casa. E o que menos tenho são livros relacionados ao esporte, por incrível que pareça. Minha biblioteca esportiva é pequena. E não é preconceito, não. Estava tentando fazer uma catalogação, e cheguei a cerca de 3 mil livros, mas faltavam muitos. Meu cálculo, por baixo, deve chegar a uns 8 ou 10 mil livros. É bastante coisa.

E mais do que 8 ou 10 mil livros, você pode dizer que ter um apartamento de livros.
É verdade. Tenho mesmo, fora o meu, não é? Tenho bastante coisa interessante em casa também. Meu sonho é ter um espaço pra ter minha própria biblioteca.

Já leu quantos deles?
Ah, não vou saber responder. Mas nem metade. Nem dá.

Mas lerá!
É, se eu tiver mais uns 80 ou 90 anos de vida, eu vou. E não comprar mais nenhum livro, claro. Diferente do que fiz na sexta-feira, quando comprei mais 4 livros. Quem sabe tenha tempo. Desde garoto, gosto bastante mesmo. E o termo bibliômano é até pra dar um certo exagero. Sou muito ligado no papel, no cheiro, na poeira.

Falando nesse gosto pelo papel, pelo cheiro e pela poeira, você é reconhecido pelo seu trabalho na ESPN, na televisão, mas a sua grande paixão não é bem essa. Estou errado?
Minha paixão é o jornalismo escrito, impresso. A TV me proporciona muitas alegrias, e somos muito mais reconhecidos no jornal, onde fazemos quase um trabalho anônimo. Muitas vezes, você faz um trabalho brilhante no jornal, mas aparece muito menos do que fazendo algo simples na televisão. Mesmo que você apareça em uma TV, como é o nosso caso, a cabo, embora esteja em expansão, a visibilidade é maior do que no jornal. Mas o trabalho no jornalismo impresso eu curto. A minha vida toda eu passei no jornal. Mesmo na televisão, continuo no jornal. Gosto porque é uma possibilidade de ter um posicionamento mais refinado, de jogar com as palavras, brincar com o som das frases. Faço isso também na televisão, porque isso é fundamental, mas tenho essa escolha porque quem sabe escrever, a tendência é também saber falar, saber se expressar melhor, de uma forma mais clara, elaborada, organizada, até mesmo com um vocabulário mais rico. Não é sofisticado, falar palavras díficeis, porque isso é besteira, ainda mais para televisão, onde tem de se ter uma linguagem bem acessível, mas uma linguagem que saia um pouquinho do cotidiano. Converso sempre com repórteres, locutores, comentaristas, e recomendo aprimorar esse vocabulário. A gente tem um repertório de palavras usuais, existem estudos para isso, mas me faltam números. Caso você consiga aumentar 10% do que o normal, no caso de profissionais da televisão, usando 15 ou 20% a mais, ele vai ser notado, diferente. Porque, se prestar atenção, e não apenas no esporte, esse vocabulário é muito limitado. Muito pequeno, repetitivo, repleto de jargões antigos. É curioso que não há a busca pela inovação nas palavras, a preocupação para aprimorar os termos da nossa língua.

Na ESPN, também trabalham dois grandes críticos da crônica esportiva brasileira, que são Juca Kfouri e José Trajano. Você também tem esse lado crítico bem aguçado, mas num gênero muito mais relaxado, com ironias, bom humor, embora jamais chegue ao ponto de ser descompromissado e irresponsável. É uma opção pessoal ter esse lado um pouco mais ameno?
Acho que não. Sou um crítico, minha função é essa. Mas também depende. Sempre falo que, para ser sério, não precisa ser sisudo. Assim como para ser leve, não precisa ser leviano. Tenho muitas momentos de intensa seriedade, de plena indignação naquilo que eu falo. E sincera. Mas a televisão cria estereótipos. Por isso que resisto em não ser um personagem. Jamais vou ser "o engraçadinho". Vou ser engraçado quando sentir a vontade de ser. E, por muitas vezes, a brincadeira que faço, é muito mais ácida do que falar meia hora sobre um discurso. Para citar exemplos, uma vez peguei uma entrevista do Eurico Miranda, onde ele estava com o braço sobre a cadeira, fumando seu charuto. Eu poderia ficar falando inúmeras coisas negativas que apareciam, mas me contive em apenas sugeri que colocassem um certo som, e a cantarolei uma música do Poderoso Chefão. E o cara em casa associa na hora, não é? Ainda estou pelo provérbio latino de que, pelo riso, você castiga os costumes. O humor é uma forma de crítica. Dependendo de como você faz, fica uma coisa ainda mais corrosiva do que a cara brava.

Muitos outros grandes jornalistas esportivos, embora seja um dever importante estar ligado nas outras áreas, não têm um conhecimento tão extenso quanto o seu. O que levou um profissional tão completo a optar pela área de esportes?
Porque é muito legal. É ótimo. Dá pra fazer textos excelentes. Melhores até do que textos que você vai fazer em economia, política. O jornalismo esportivo, sendo bem feito, é tão bom quanto qualquer outra área do jornalismo. Ainda existe um certo preconceito, dentro ou fora das redações de jornais, que são "os caras do esporte", tão ali fazendo barulho, se divertindo pra escrever jogo, vão pra Copa. Claro que tudo isso é legal, mas vai lá trabalhar em Copa do Mundo, trabalhando quase 14 horas por dia, durante um mês inteiro. Quem trabalha em jornalismo esportivo, encara qualquer negócio. Pode entrar em qualquer área, somos completos, tanto em termos de agilidade, de rapidez de raciocínio ou versatilidade. Tenhamos como exemplos jogos de ontem, como Coritiba x Palmeiras, Flamengo x Ceará. O jogo termina tal horário, em poucos minutos tem que estar tudo no ar, a matéria tem que estar pronta. Desde o início, começam as anotações, escrever. É uma agilidade muito grande. Tenho o maior orgulho de ter feito a minha carreira no jornalismo esportivo. E é uma área que eu gosto. Não me sentiria tão à vontade se fosse trabalhar em alguma outra área do jornalismo.

Você acredita que o melhor caminho para abordar as pessoas em casa, querendo assistir algo sobre o time dela, é esse usado pelo SportsCenter? De poucos anos pra cá, por exemplo, o Globo Esporte, muito visto e comentado, tem adotado essa postura de maior descontratação.
É um caminho. É uma opção que deu certo. Acho mais interessante quando se tenta fazer algo de diferente, do que ficar parado numa fórmula que pode até dar certo. E um equilíbrio tem que ser alcançado: Fazer com que esse novo formato se torne espontâneo. Se o programa é feito de uma forma natural, as pessoas percebem e fica algo melhor. Às vezes, por ser televisão, tudo puxa para uma coisa mais teatralizada, e eu não gosto porque minha visão sempre continua sendo aquele de ser jornalista.

E a parceria com Paulo Soares? Vocês começaram em 2000 com o SportsCenter, e já foi citado que o Amigão, em conversas com você, achou que, com algum tempo de parceria no programa, vocês teriam muito sucesso. Quando essa frase do Amigão virou, de fato, verdade?
Sou amigo do Paulo há muito tempo, antes do começo do Sports Center. Trabalhávamos juntos aqui desde 1995, fazendo transmissões de jogos, muitas coisas. Em partidas da Champions League, tinham gravações que a gente demorava muito mais tempo de tanta risada que saia durante o trabalho. Tínhamos uma afinidade anterior ao Sports Center, que veio pra consolidar de vez essa amizade.

Você já afirmou que o jornal impresso é a sua vida. Hoje, você se vê fora da televisão? Longe do SportsCenter? Apenas trabalhando no jornal e escrevendo?
Hoje, me vejo mais na televisão do que no jornal. É o seguinte: Parto do princípio de que a gente é empregado. E, assim, estamos sujeitos a sermos dispensados a qualquer momento, em qualquer lugar. "Amizade com patrão, estou bem e tal", pra mim não existe muito. Se você não é o patrão, está sujeito a isso e é assim mesmo. Então tem que aproveitar. Enquanto agradar as pessoas, tem que continuar. Televisão atrai público, o cara tem audiência, tem prestígio, e isso é inegável. Hoje, me vejo mais tempo aqui do que no jornal, por esses motivos. E, não sendo depreciativo a ninguém, mas é uma constatação: O próprio Trajano, em muitas ocasiões, veio afirmando pra mim, e é uma honra, que não pensa em alterar o programa. Que Amigão e Antero é uma dupla muito boa, e de fato é mesmo. A gente vê isso. Aliás, é bom e é ruim ao mesmo tempo. Fica um pouco dependente. Embora não me veja a vida toda aqui, penso em ficar mais e ir aos poucos deixando o jornal. Como já estou fazendo, inclusive. E aí faço o mesmo com a televisão. Vamos diminuindo. Depois disso, o que me vejo é escrevendo. Não me vejo longe disso, não me imagino ficar sem escrever. Mesmo que seja blog, ou algo não tão grandioso assim. Por mim, nunca irei parar.

O surgimento das novas mídias sociais ameaça um fim sem volta do jornal impresso? Até mesmo a televisão, que hoje é algo imbatível, dentro de um futuro não muito distante deixe de ser essa grande vitrine, sendo substituída por algo que a gente ainda não consegue dimensionar agora.
Não só no jornal, mas também o pessoal da televisão prevê algo próximo ao fim dela, que migre para uma outra mídia. Mas não acredito no fim do jornalismo. Vão mudar as mídias, mas o jornalismo será mantido. E é impressionante como as coisas evoluem, muito mais rápido. Até em relação à minha coleção de 10 mil livros, tanto espaço e tempo dedicados a isso, e posso colocá-lo em uma pasta, em algum dispositivo minúsculo. É até legal, concordo, mas vou sofrer bastante.

Em relação à Copa de 2014, quais são as suas impressões ou constatações? A organização do Brasil, ao final da Copa, poderá ser digna de aplausos? A FIFA informar que é para a Alemanha ficar de sobreaviso, com possibilidades de sediar o mundial caso dê algo errado por aqui, é mais para pressionar maiores atitudes ou é algo real, que realmente pode acontecer? Embora, na teoria, tenhamos mais condições que a África do Sul, faremos algo pior do que foi feito pelos africanos?
Sobre a África do Sul, teve muitos improvisos. Os caras fizeram muita coisa legal, mas também uma parte considerável era puro improviso, até mesmo instalações do metrô e tudo mais. Um problema também da última Copa são os chamados "elefantes brancos". Soccer City, palco final do Mundial, é um deles. O estádio é lindo, chega a ser indecente de tão grande que é, mas e aí? Pra que isso? Qual benefício teve? Quando vem com essa conversa de que é o legado que ficará após a Copa do Mundo, legado do que? Nós temos de cobrar, embora não surta efeito nenhum, já que não ligam pra imprensa. Eles gostam quando a imprensa está do lado. Se está contra, são tão caras de pau que nem ligam. Na Alemanha, em 2006, absolutamente todos os estádios ainda estão funcionando. Sempre lotados. O povo de lá é apaixonado pelo esporte. Os caras fizeram uma Copa do Mundo na boa. Até mesmo a Copa de 2002, em Coreia do Sul e Japão, não tenho toda essa certeza se todos aqueles estádios que eles fizeram ainda estão funcionando. França, Estados Unidos, tudo tranquilo. Um deles usa mesmo, o outro, se não usam pra futebol, se transformaram em casas de show, adaptaram estádios, outros estão sendo usados para futebol americano, baseball. Aqui, no Brasil, não. Muitos estádios também serão grandes elefantes brancos. Cuiabá, Recife, Natal, Manaus, Brasília, lugares que não tem o futebol forte pra esse tipo de estádio que querem construir. Não precisa disso. Em Recife, os três estádios que tem, ninguém quer. São Paulo ter um outro estádio é pra gente discutir muito. Tudo bem, o Corinthians quer construir o estádio dele, mas tem o Pacaembu. Pode ser usado a hora que ele quiser, é um estádio lindo. Dando uma adaptada apenas dentro dele, por não poder mexer na parte externa, fica maravilhoso. E também grande parte disso tudo é uma série de interesses que entram em jogo, sem contar o jogo de pressão que é natural nessas horas, quando se parte pro lado político. Se a grande desculpa pra enfrentar isso tudo for o tal do legado, saibam que isso tem de ser feito com ou sem Copa do Mundo. Aeroportos, estradas, tem muita coisa para melhorar. Acho que, por enquanto, é, sim, apenas um blefe da FIFA, mas vamos ver. As coisas tem de serem feitas porque a gente exige. Grande parte do que a FIFA exige é coisa pra boi dormir, com todo respeito.

E isso vai muito além da Copa do Mundo ou não. Em 1983, por exemplo, você concedeu uma entrevista para o Faustão, quando ele ainda era repórter esportivo, e em meio a respostas você disse que, diferente daqui, lá as coisas são organizadas, vendem ingressos no início da temporada, fazem carnês de ingressos. Já se passaram 28 anos. Não apenas esse motivo, mas a mentalidade ainda um pouco amadora do futebol brasileiro é um dos grandes motivos ou o principal deles?
A gente continua sendo desorganizado, infelizmente. Contamos muito com a criatividade, com o improviso. Tudo bem, é legal ter isso, mas não podemos usar uma característica boa do povo para esconder os defeitos, não é verdade? Mascarar incompetência ou preguiça com essa desculpa não é legal. Precisamos ter seriedade no planejamento, na organização.

Vamos para os palpites. Na Champions League, final em Wembley entre Barcelona e Manchester.
Barça. Gosto do futebol do Barcelona, acho mais gostoso de ver. Mas é palpite. O futebol às vezes permite um baita de um time ser derrubado por um pequeno, embora, claro, não seja o caso.

Alguns comentaristas afirmam que esse Barça é o melhor time que já viram jogar. É também o seu?
Não, até porque eu vi jogar o Santos de Pelé. Extraordinário Santos de Pelé. E era isso tudo também porque tinha o Pelé, obviamente. Outros grandes times, como outras gerações dos Meninos da Vila, três academias do Palmeiras, talvez o time de 70 fosse a melhor delas. Flamengo do Zico, ótimo time. Inter de Falcão, campeão brasileiro invicto. Botafogo na época de Carlos Alberto, Zagallo, Jairzinho, Manga. Cruzeiro de Tostão também era espetacular, muito forte. Isso no Brasil. Internacionalmente, Real Madrid historicamente, Juventus no começo dos anos 80, Milan nos anos 60 que vinha jogar contra o Santos aqui, todos formando grandes times.

No assunto Seleção Brasileira, você prefere a de 70 ou 82?
Certa vez, fizemos uma análise nome por nome. Félix ou Waldir, se equivalem. Carlos Alberto e Leandro, páreo duro. Carlos Alberto monstro, mas Leandro jogou muita bola. Brito ou Oscar, Oscar. Piazza ou Luizinho, Luizinho. Everaldo ou Junior, Junior. Falcão ou Clodoaldo, a partir daí já começa a complicar. Gérson ou Zico. Sócrates ou Rivellino. Jairzinho ou Serginho, Jairzinho. Tostão ou Éder, Tostão. Pelé ou Zico. Sacanagem com Zico. É um empate natural. Defesa de 82, pra mim, eram melhores, só perdendo com Leandro para Carlos Alberto. Os goleiros se equivaliam mesmo. As duas seleções jogaram lindamente, muito bem mesmo. O resultado tem alguma interferência. Talvez eu prefira a de 70, mas por ser campeã e por ter Pelé. Mas, sem nenhuma ironia, são detalhes.

Na Copa do Brasil, você considera algum time favorito?
Esse Coritiba me deixou impressionado. Não é porque venceu o Palmeiras, é porque jogou muita bola mesmo. Acho que vou cravar o Coritiba. O São Paulo é um time forte, até o Palmeiras era um dos que eu considerava favorito, por ter Felipão. Mas o Coritiba venceu com muita autoridade.

Existe algum favorito para o Campeonato Brasileiro?
É difícil. Mudam tanto. Um exemplo rápido, Neymar e Ganso vão ficar? Se sim, Santos tem chance. Se não, fica mais difícil. Então é complicado. Mas, por elenco atual, acho que Santos, São Paulo, Internacional. Depois, Cruzeiro.


Originalmente publicado no dia 7 de maio de 2011.

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