domingo, 22 de março de 2015

Coluna: Carta de agradecimento

Steve Nash dá ponto final a sua grandiosa e surpreendente carreira como jogador de basquete

De Aracaju.
Por Henrique Ferrera.

22/03/2015 - No último sábado, uma notícia partiu o coração dos fãs de basquete ao redor do mundo. Um dos maiores jogadores da história recente da NBA deu fim à sua tão prolífica carreira. Se a primeira morte de um atleta é sua aposentadoria, temos um esporte de luto. Aposentadoria essa que se não causou choque, pela ausência paulatina ao longo dos meses, reforça tudo o que este cara conquistou e colaborou para alegria do público.

Um cara que não tinha nem físico nem altura para jogar basquete. Um cara que cresceu no Canadá, longe dos olhos dos observadores universitários. Que apesar de ter tido um bom rendimento no colegial, seu técnico teve que mandar mais de trinta fitas para conseguir uma universidade para seu pupilo. Universidade essa, com pouquíssima tradição no basquete. E ele, franzino e fraco defensivamente.


Um cara que ainda assim conseguiu destaque o bastante para ser o 15º lugar no draft de 1996. Mas que logo foi trocado para uma franquia em baixa. E este baixinho magrelo, ao lado de um alemão gigante que chutava de longe - a dupla de sucesso mais improvável de todos os tempos - se juntaram para fazer história. Que surpreendeu a muitos com sua velocidade, rapidez de raciocínio e bom aproveitamento nos arremessos.

Um cara que fez deste time o melhor ataque da liga por três anos seguidos, não só em pontos totais, como em pontos por posse, mostrando efetividade e volume de jogo. E que superou o desejo quase que absoluto dos times da NBA em jogar defensivamente, afinal, graças a isso, ele perdeu espaço na equipe que jogava. Mas que mesmo assim, voltava para aquela equipe que o havia trocado após o draft.

Um cara que teve seu auge já a partir dos trinta anos. Que continuou a comandar o melhor ataque da liga, agora em outro lugar, por mais seis anos seguidos. Que foi completamente na contramão do estilo de jogo adotado pela maioria dos times, e que acabou revitalizando a imagem da liga perante os fãs. E que acabou sendo duas vezes o MVP da temporada.

Um cara que surgiu no país do hóquei, e se tornou tão importante quanto o maior jogador de hóquei de todos os tempos. Inteligente, socialmente engajado, admirado e influente. Que abriu portas para mais compatriotas, garotos que sonhavam em jogar na maior liga de basquete do mundo. Que colocou um país no mapa do esporte.

Que não ganhou um título da NBA. Azar dela.

Obrigado, Steve Nash.

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