quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A história se repete: "Um pouco mais de pão de queijo, por favor"

De Belo Horizonte.
Por João Vitor Cirilo.

06/11/2014 - Em 11 de novembro do ano passado, nossa colunista Júlia Alves escreveu uma coluna com o título "Um pouco mais de pão de queijo, por favor". 2013 foi o ano dominado pelos dois times mineiros, que apresentaram, de longe, o melhor futebol do país. O Galo foi o dono da América e representou o continente no Mundial; a Raposa foi soberana no Campeonato Brasileiro e levantou o caneco.

Em 2014, os dois times mineiros chegam à decisão da Copa do Brasil e entre os primeiros do torneio nacional, novamente liderado pelo Cruzeiro. Ontem, o time alvinegro massacrou o Flamengo e acabou com a história de "freguesia". Assim como na fase anterior, o Galo perdeu na ida por 2 a 0 e venceu o segundo jogo, de virada, por 4 a 1. Já o time celeste foi a Santos com a vantagem de ter feito 1 a 0 em casa no primeiro jogo, e arrancou um empate em 3 a 3 para ir à decisão.

Os resultados de Cruzeiro e Atlético mostram que não tem essa de sorte ou azar, e muito menos de "fase"; o que prevalece é o trabalho bem feito.

Abaixo, relembre a coluna:

Por Júlia Alves, em 11/11/2013:

 “O que é que os mineiros têm?”. Essa deve ser uma pergunta pertinente nesse momento. Não é para menos. O futebol de Minas Gerais possui o atual campeão da Copa Libertadores e o melhor time do Campeonato Brasileiro dentro de uma conjuntura em que todos os olhares são voltados para o eixo Rio-São Paulo. Nem o mineiro mais otimista imaginaria que esses dois títulos viriam, ao mesmo tempo, para seu estado em 2013. No entanto, essa realidade não será obra do acaso, mas sim de um trabalho bem feito dentro e fora de campo. 


O torcedor mineiro nunca esteve tão feliz como em 2013.
(Fotos: Bruno Cantini/Atlético e Washington Alves/VIPCOMM)

Atlético e Cruzeiro estão apenas colhendo o fruto de um investimento alto que fizeram em centros de treinamento, profissionais qualificados e gestões administrativas eficientes. Tanto a Toca da Raposa quanto a Cidade do Galo são referências nacionais e proporcionam aos seus atletas um local de excelência para o aperfeiçoamento técnico e físico. Além de um ótimo local de trabalho e grandes jogadores, os dois times possuem pessoas se empenhando nos bastidores para que tudo ocorra bem dentro das quatro linhas. A diretoria merece um enfoque especial. Os dois presidentes, Gilvan e Kalil, foram protagonistas de grandes negócios.

ATLÉTICO

O mandatário atleticano foi considerado louco por muitos, no entanto, tomou uma decisão muito importante e que mudou a história do clube. No primeiro semestre de 2012, Alexandre Kalil bancou a vinda de Ronaldinho Gaúcho. O jogador teve problemas no Flamengo, entretanto, veio para o Galo e mostrou um belo futebol, sendo um dos principais responsáveis pelo vice-campeonato brasileiro no ano passado e pela conquista da América em 2013. Kalil acertou novamente quando trouxe o goleiro Victor (dono da Libertadores, resolvendo, enfim, o problema do gol), Diego Tardelli (de volta após longa novela) e Jô (contestado), fazendo também um esforço no final da última temporada para manter o garoto Bernard para a competição continental.

Mas o time vencedor começou a ser montado na temporada anterior. A aposta em Cuca foi certeira. Com ele, jogadores fundamentais, como a dupla de volantes, Pierre e Leandro Donizete, somaram ao grupo que também tinha Réver e Leonardo Silva, considerada por muitos a grande dupla de zaga do país em determinado momento. Marcos Rocha, algumas vezes contestado, também mostrou seu valor em seu retorno ao clube, após uma boa temporada no América, e Júnior César foi outra boa aposta para a lateral, apesar de ter perdido a posição para Richarlyson em parte da Libertadores. A diretoria também bancou Guilherme, que marcou um dos gols mais importantes da história do clube na semifinal contra o Newell's Old Boys, e trouxe Josué, nome importante na reta final após a lesão de Donizete. Sem falar em outros coadjuvantes, como o batalhador Luan.

CRUZEIRO

Pelo lado cruzeirense, Gilvan de Pinho Tavares foi ao mercado e buscou grandes nomes como o zagueiro Dedé e o meia Júlio Baptista, porém, o gol de placa foram as contratações de jogadores sem espaço em seus clubes para a composição de um elenco forte. O defensor Bruno Rodrigo foi dispensado pelo Santos e hoje é o chefão da zaga celeste. Nilton teve passagens discretas por Corinthians e Vasco, mas, em Minas, é o dono da marcação e ainda o artilheiro. Egídio foi renegado no Flamengo, indo para no Goiás até ser contratado pelo time mineiro. Dagoberto não rendia no Internacional; já no novo clube, teve atuações muito importantes. O até então desconhecido Ricardo Goulart veio do campeão da Série B para compor a engrenagem celeste com muita competência. 

O presidente Gilvan ainda marcou dois golaços. Com a negociação do meia Montillo, o Cruzeiro comprou, do Coritiba, Éverton Ribeiro, peça fundamental na máquina cruzeirense com toda sua categoria - talvez o melhor jogador do campeonato. Outro jogador que fez grande diferença no desempenho da equipe foi Willian, que veio por empréstimo do Metalist da Ucrânia, na transação de Diego Souza.

Os dois técnicos também têm grande participação no sucesso dos clubes. Cuca deixou para trás a sua fama de azarado, montou um time veloz para aproveitar a genialidade de Ronaldinho e venceu a Libertadores. Marcelo Oliveira chegou ao Cruzeiro desacreditado pelo torcida, reformulou toda a equipe com muitos jogadores recém-chegados e com alguns frutos da base e encaixou cada um de modo que o coletivo se destacasse.

E por que não falar que torcidas foram cruciais? Seja com o lema “Eu acredito” ou “Fechado com o Cruzeiro”, os torcedores das duas equipes invadiram o Independência e o Mineirão e apoiaram em cada jogo. O som das arquibancadas empurrou os jogadores em campo rumo às vitórias. Agora, caros mineiros, atleticanos ou cruzeirenses, comemorem muito, pois esse é um momento histórico para o futebol de Minas!

Em um país no qual a mídia foca em São Paulo e Rio de Janeiro, estados que concentram as maiores cotas de transmissão e patrocínio, Minas Gerais reina soberano nas duas principais competições. Os times mineiros foram além dos horizontes de Belo Horizonte e bem adiante das montanhas de Minas, e trouxeram, além das taças, o reconhecimento para o futebol mineiro. Depois de alguns anos ruins, 2013 veio para trazer alegria para os mineiros e o prestígio que Atlético e Cruzeiro merecem. Entretanto, espero que esse não tenha sido um ano atípico e sim o princípio de uma era em que o Galo e a Raposa briguem no topo de todas as tabelas. 

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