quinta-feira, 11 de julho de 2013

Yes, we C.A.M

Galo devolve placar de 2 a 0, e nos pênaltis, Victor pega e garante clube em sua primeira decisão de Libertadores

De Belo Horizonte.
Por Arthur Möller.

11/07/13 - "Sim, nós podemos". Com esse pensamento, os jogadores do Atlético Mineiro entraram em campo na noite desta quarta-feira (10), contra o Newell's Old Boys, na decisão por uma vaga na finalíssima da Copa Libertadores da América 2013. O Independência foi transformado num caldeirão, como de costume, e ali, após um 2 a 0 no tempo normal (devolvendo o placar do jogo 1), o Galo derrotou a equipe argentina nos pênaltis, por 3 a 2. Fundado em 1908, o clube mineiro chega à final da competição continental pela primeira vez, e terá como adversário o Olímpia (PAR), que eliminou o Independiente Santa Fé (COL), na terça-feira (9).


Victor pegou e, pela primeira vez, Atlético decidirá título da Libertadores da América.
(Foto: Bruno Cantini/Flickr do Clube Atlético Mineiro)

Pressão extracampo

A pressão para cima dos argentinos começou na noite anterior à partida desta quarta-feira. Cerca de 200 torcedores atleticanos foram para a frente do hotel em que o Newell's Old Boys estava hospedado, e promoveram buzinaços e foguetórios até as 3h da manhã. A atitude irritou torcedores e integrantes da delegação da equipe argentina. Um dos seguranças do clube reclamou e negou que o mesmo tenha sido feito na semana passada, quando o Atlético esteve em Rosário, na Argentina.

Atleticanos infernizaram os argentinos durante a madrugada de quarta-feira.
(Foto: Daniel Carvalho)

O confronto

Dono de uma campanha quase que impecável na Copa Libertadores 2013, o Atlético Mineiro, apoiado por sua fanática torcida, precisava vencer por três gols de diferença para se classificar para a final da competição continental pela primeira vez em sua história. Caso devolvesse o placar de 2 a 0 sofrido no jogo de ida das semifinais, na Argentina, a vaga seria decidida na disputa de pênaltis. 

O Newell's Old Boys, que eliminou o tradicional Vélez Sarsfiel e o campeoníssimo Boca Juniors, nas oitavas e nas quartas de final, respectivamente, chegou muito seguro a Belo Horizonte. O clube optou por não realizar nenhum treinamento na capital mineira antes da decisão.

Os torcedores alvinegros acreditaram no time. Apitos foram distribuídos e a torcida não parou. O barulho era ensurdecedor. Nesse mesmo ritmo, o Atlético iniciou a partida. A marcação atleticana era tão forte que, na tentativa de sair de seu campo de defesa, aos dois minutos, o Newell's foi surpreendido. Após roubada de bola, Diego Tardelli tocou para Ronaldinho, o craque do Galo foi rápido e lançou Bernard, e o garoto não desperdiçou. Toque de pé esquerdo na saída do goleiro Guzmán, Galo 1 a 0. Talvez nem mesmo o atleticano mais confiante imaginava um gol nos primeiros minutos de partida.

Comemoração após o primeiro gol.
(Foto: Bruno Cantini/Flickr do Clube Atlético Mineiro)

Blitz atleticana, em busca do segundo gol

A pressão estava apenas começando. Diego Tardelli e Bernard invertiam suas posições a todo momento, o que confundia a marcação argentina. Os primeiros minutos foram de terror para o Newell's, que por pouco não sofreu o segundo gol. Um de seus principais jogadores, o zagueiro Heinze, lesionou-se e precisou ser substituído. O time da cidade de Rosário mostrava frieza, e chegou a assustar em alguns contra-ataques. O excelente Maxi Rodríguez se destacou. Aos 27 minutos, ele recebeu na entrada da área - após bote errado de Marcos Rocha -, limpou a jogada com muita categoria e bateu, mas o goleiro Victor, bem colocado, agarrou.

Bernard, inspirado e muito a fim de jogo, deu trabalho de novo. A joia atleticana recebeu na área, dominou, e quando todos imaginavam que ele fosse arriscar um drible ou até mesmo um passe, o garoto chutou para o gol. Guzmán, no susto, mandou para escanteio. No lance seguinte, nova participação de Bernard. Dessa vez ele enfiou para Diego Tardelli, o atacante alvinegro se chocou com o goleiro, que precisou de atendimento médico. O jogo ficou paralisado durante sete minutos após o lance. Guzmán foi atendido, e a bola voltou a rolar. O Galo ainda teve uma chance clara com Josué, além de um pênalti em cima de Jô, não assinalado.

Na base da raça

O Atlético não manteve o mesmo ritmo do primeiro tempo e, aos poucos, o Newell's passou a gostar do jogo, trocou passes e demonstrou frieza e tranquilidade. O técnico Cuca, insatisfeito com a queda de rendimento, promoveu a entrada do atacante Luan no lugar do volante Pierre, amarelado. Aos 32 minutos, uma nova queda. Dessa vez, o que caiu foi a iluminação da Arena Independência. Cerca de 33 refletores se apagaram, e a partida foi paralisada novamente. Dez minutos se passaram, e a bola voltou a rolar.

A torcida atleticana não se aguentava. Roía as unhas, esfregava as mãos, o rosto. O time também se mostrava nervoso. Cuca mexeu novamente. Entraram Alecsandro e Guilherme, saíram Diego Tardelli e Bernard. Em seu primeiro lance, Guilherme quase marcou. A torcida sentiu o momento favorável, passou a gritar ainda mais, e, aos 50 minutos, Mateo afastou mal e o questionado Guilherme encheu o pé, de fora da área, para deixar tudo igual. Já não havia vantagem alguma dos argentinos. Ronaldinho ainda quase marcou logo depois, mas a decisão seria mesmo decidida nos pênaltis.

Momento de fé dos jogadores do Atlético.
(Foto: Bruno Cantini/Flickr do Clube Atlético Mineiro)


Haja coração!

Alecsandro e Guilherme converteram as duas primeiras penalidades a favor do Galo. Scocco e Vergini acertaram pelo lado do Newell's. Na sequência, quatro cobranças desperdiçadas. Jô, Casco, Richarlyson e Cruzado foram infelizes. Tudo estava nas mãos, ou nos pés, dos craques dos times. Com muita classe, Ronaldinho estufou as redes de Guzmán. Maxi Rodríguez, o craque do Newell's, bateu a última cobrança para deixar tudo igual novamente, porém, "São Victor" entrou em ação de novo. Dessa vez, para colocar o Galo em sua primeira final de Libertadores.

Ficha do jogo:

Atlético Mineiro 2 (3) x (2) 0 Newell's Old Boys

ATLÉTICO:
Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Gilberto Silva e Richarlyson; Pierre (Luan), Josué, Ronaldinho Gaúcho e Diego Tardelli (Alecsandro); Bernard (Guilherme) e Jô
Técnico: Cuca

NEWELL'S:
Guzmán; Cáceres (Horacio Orzán), Vergini, Heinze (Víctor López) e Casco; Cruzado, Mateo e Bernardi; Figueroa (Martín Tonso), Scocco e Maxi Rodríguez
Técnico: Tata Martino

Local: Arena Independência, em Belo Horizonte (MG)
Data: 10/07/2013
Horário: 21h50

Árbitro: Roberto Silvera (URU)
Auxiliares: Miguel Nievas (URU) e Carlos Pastorino (URU)

Cartões Amarelos: Pierre e Bernard (Atlético Mineiro); Cáceres, Casco e Tonso (Newell's Old Boys)

Gols: Bernard, aos dois minutos do primeiro tempo, e Guilherme, aos 40 minutos do segundo tempo

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