domingo, 7 de abril de 2013

Coluna: “Na minha época...”

De Belo Horizonte. 
Por Matheus de Oliveira. 

07/04/2013 - Os mais antigos sempre têm algo a dizer sobre a época deles, seja qual for o assunto. Os amantes do futebol não fogem à regra e gostam de fazer inveja dizendo que na época deles “era muito melhor”, como se o gosto pessoal fosse parâmetro para medir o que é bom e o que é ruim para todos. A característica do futebol mudou e isso é perceptível para quem acompanhou o esporte nos últimos anos, mas se melhorou ou piorou vai de acordo com o que cada um aprecia quando a bola rola.

Pelé foi eleito o esportista do século em 12 de julho de 1980, ou seja, estava concretizado que nenhum atleta poderia ser melhor que o rei do futebol até o ano 2.000. Para muitos, o mineiro de Três Corações é o melhor futebolista de todos os tempos e não nascerá outro tão bom quanto ele. Profetas! Depois do “Rei” vieram Zico, Reinaldo, Maradona, Romário, Ronaldo, Zidane, Ronaldinho, Messi e outros que posso ter esquecido, entre os que apresentaram futebol de alto padrão. Porém, Pelé é imbatível, dizem os que o viram e alguns que não puderam vê-lo.

Os números do ex-camisa 10 impressionam. A quantidade e a média de gols, a idade com que estreou numa Copa do Mundo, o número de títulos, etc. Quando a história de Pelé é retratada em matérias jornalísticas ou em filmes, os números não deixam dúvidas de que foi espetacular. Mas o futebol baseado nas frias estatísticas mostra que Dadá Maravilha (926 gols) foi mais artilheiro que Ronaldo (518). Zico, que não ganhou uma Copa do Mundo, seria inferior ao Vampeta, pentacampeão mundial?

Não basta que o olhar através dos números indique o melhor ou o pior num esporte em que a eficiência nem sempre é sinônimo um futebol empolgante, bonito, técnico. Dizem que o Pelé era completo, ou seja, tinha bom chute com os pés direito e esquerdo e cabeceava bem. Não o vi jogar e não arrisco dizer que foi melhor que os melhores que eu já pude ver. Não confio nas prosas dos saudosistas que tendem a aumentar as histórias para enchê-las de romantismo. O talento nem sempre é medido por números.

Mais do que eleger alguém o melhor do século antes do fim dele, me incomoda o fato do desmerecimento daquilo que é bom hoje. Há má vontade em reconhecer que os mais jovens também estão vendo a história ser escrita por craques da atualidade. Desprezam Messi, desprezam Cristiano Ronaldo e dizem que o Barcelona não seria páreo para o Santos de Pelé, a seleção de 70 ou a de 82. Cai mal comparar épocas distintas e fatos que não podem ser provados. Não há como os selecionados de Telê Santana enfrentarem os comandados de Pep Guardiola. Saudosismo só é bom para passar o tempo, mas atrapalha na hora de reconhecer os méritos de quem é bom hoje.

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