De Belo Horizonte.
Nada mais, nada menos do que isso. Foi exatamente isso o que aconteceu no estádio em Yokohama, no Japão. Santos e Barcelona entraram em campo para decidir o título Mundial Interclubes em 2011. O que se viu não foi simplesmente um jogo, uma partida qualquer. O que se viu foi uma aula de futebol, uma aula de filosofia, uma aula de inteligência, uma aula de comando. Uma lição, um aprendizado. O Barcelona faz jus ao seu slogan: "més que un club". Os deuses do futebol agradecem e eu também agradeço. Sou um privilegiado de poder assistir a um time sensacional como esse.
A flâmula do Barcelona para o jogo de hoje.
(Foto: Getty Images)
O Barcelona goleou o Santos por 4 a 0, marcando três desses gols no primeiro tempo. Messi (melhor jogador do Mundial), Xavi (segundo melhor) e companhia ditaram um típico jogo em que podemos chamar de "jogo de um time só". Muricy Ramalho, técnico do Santos, preferiu armar sua equipe retrancada, achando que poderia vencer a partida num contragolpe cedido pelo seu adversário. Antes de dar chances, o Barcelona confirmou sua vitória de forma histórica, espetacular.
A melhor equipe do mundo conquista o merecido título, carregado por Messi. Messi, o maior de todos na atualidade, indiscutivelmente, deu mais uma prova de que ainda irá demorar bastante tempo para alguém alcançá-lo. Mas o Barcelona não é feito apenas de Messi. Xavi, Iniesta, Fábregas, Puyol, Dani Alves, Piqué, Abidal ... todos monstros, todos craques. E as congratulações maiores são e devem ser à Josep Guardiola, que armou essa equipe de forma incrível. Esse sim vem se mostrando como um gênio, um professor.
O Santos peca por ter entrado nesse Mundial como um franco atirador. Sem um padrão tático, sem um pensamento fixo, sem treinamento correto. O Santos entrou em campo como se do outro lado tivesse um adversário qualquer. Não existe planejamento de seis meses que dá resultado contra um Barcelona. Não veremos isso nunca. Planejamento e "projeto" é isso que o Barcelona faz. Muricy colocou em campo uma tática que expôs o Santos ao Barça. Tentou tirar da cartola e inventou. Errou, e o erro custou caro.
Sobre Neymar, escolhido o terceiro melhor do campeonato mundial, não perde nada do que é devido à essa partida. Neymar continua sendo o jogador espetacular que é, mas também têm muito a percorrer para chegar a ser um Messi. Como ele mesmo disse após o jogo, o Santos hoje aprendeu a jogar futebol. E esperamos que realmente tenham aprendido, mas que coloquem em prática. O futebol brasileiro precisa voltar a ser o que já foi um dia. É triste ter que ver o futebol que deveria ser jogado no Brasil no Barcelona e o futebol que geralmente deveria ser jogado na Europa, no Brasil.
O Barcelona vence e é o melhor, e continuará sendo por muito tempo o que é, devido a seus próprios méritos e ao trabalho feito desde as categorias menores. Esse time ainda dará muitas alegrias ao seu torcedor e a todo o torcedor amante do futebol.
Detalhando o jogo
O Santos de Muricy Ramalho surpreendeu na escalação, e surpreendeu negativamente. O Peixe veio à campo com três zagueiros, com Bruno Rodrigo caindo pela direita, Edu Dracena pelo meio e Durval marcando pela esquerda. O Santos não treinou assim ao longo do ano, nunca planejou isso. As chances de que isso desse errado, eram evidentes. E realmente deu, como veremos na sequência.
Nos poucos momentos em que o Santos ficou com a bola no início do jogo, era pressionado em seu próprio campo pela marcação do Barcelona, o que já era esperado. Esperado também era o toque de bola, a troca de passes do Barça, que tentava envolver a defesa santista, que marcava muito forte.
O Santos apostava em saídas rápidas em velocidade para tentar surpreender o Barcelona, mas tinha sérias dificuldades para manter a bola em seus pés. O Peixe só conseguiu sair em velocidade aos 6 minutos, quando Neymar segurou muito a bola e desperdiçou o lance. Já o Barcelona tentava chegar pacientemente. A primeira chance real de gol do time catalão surgiu aos 12 minutos, em jogada individual de Messi. O argentino costurou na entrada da área e finalizou para o gol. Rafael defendeu para a lateral da área, de onde Thiago finalizou para fazer o goleiro santista trabalhar novamente.
Aos 17 minutos, quando o Barcelona foi mais incisivo, a casa do Peixe caiu. Numa linda triangulação, Xavi dominou de letra e tocou para Messi. Durval falhou e o argentino encobriu o goleiro Rafael. Bruno Rodrigo ainda tentou evitar o golaço, sem êxito. 1 a 0 para o melhor time do mundo.
Após o gol, a pouca organização da defesa do Santos deixou de existir. Em outra troca de passes envolvente e outra falha defensiva, dessa vez de Bruno Rodrigo, Xavi apareceu na área e finalizou por baixo de Rafael. 2 a 0, aos 24 minutos.
Nos minutos seguintes, o Peixe tentou sair para o jogo e chegou a incomodar, como num passe de Ganso para Borges finalizar. Valdés segurou. Ao Santos, melhor era procurar o Ganso. O Peixe perdeu o ala Danilo por lesão aos 30 minutos e Elano entrou para também compor o meio-campo. Enquanto isso, o Barça apostava em lançamentos nas costas da zaga santista, e conseguia levar perigo.
O Barcelona seguiu trocando passes até o final do primeiro tempo, quando os espanhóis acharam outro gol sensacional. Messi segurou a bola dentro da área, não foi combatido por Edu Dracena e tocou de calcanhar para Daniel Alves centrar a bola. Rafael cortou, Thiago cabeceou, Rafael salvou novamente, e Fábregas empurrou para o gol vazio. 3 a 0, aos 45 minutos.
Na foto, todos grandes jogadores. O melhor time do mundo.
(Foto: AP)
Obrigado a mudar a postura para, pelo menos, perder dignamente, o Santos saiu pro jogo logo no primeiro minuto. Borges foi lançado pela direita e cruzou para Neymar desviar, quase com o ombro. A bola foi por cima. Pouco antes disso, o Barcelona quase havia marcado mais um, em nova falha de Edu Dracena, que fez uma de suas piores partidas com a camisa do Santos.
Santos que tentou marcar o Barcelona com mais gente no campo de defesa dos espanhóis. Consequentemente, o Barcelona tinha mais espaço para trabalhar em seu campo de ataque. E foram várias chances. Daniel Alves, Fábregas, Iniesta e Messi perderam boas oportunidades antes dos primeiros 10 minutos da etapa final. O Santos também conseguia armar as jogadas, com Ganso articulando os lances até bem, em alguns momentos. Borges e Neymar tiveram suas chances. A de Neymar foi a mais perigosa. O craque saiu na cara do gol, de frente com Valdés, mas não teve tranquilidade para definir e o goleirão defendeu. Isso aos 11 minutos. O jogo ficou mais divertido no 2º tempo.
O Santos prosseguiu se livrando da bola, jogando com falta de inteligência. Quando o goleiro Rafael tinha o domínio da bola, os demais jogadores do Santos não se apresentavam e abaixavam a cabeça, como que com medo de receber o passe. Ficava mais difícil.
Após um grande intervalo de tempo sem muitas chances de perigo, o Barcelona chegou com Daniel Alves finalizando na trave aos 34 minutos. Dois minutos depois, Daniel Alves, novamente pela esquerda, rolou para Messi aparecer sozinho na área e com um drible muito curto tirar o goleiro Rafael do lance e tocar para o gol vazio. 4 a 0 e fim de papo.
Ficha do Jogo:
Santos 0x4 Barcelona
SANTOS:
1-Rafael
14-Bruno Rodrigo
2-Edu Dracena
6-Durval
4-Danilo (8-Elano)
7-Henrique
5-Arouca
10-Paulo Henrique Ganso (18-Ibson)
3-Léo
11-Neymar
9-Borges (19-Alan Kardec)
Técnico: Muricy Ramalho
BARCELONA:
1-Victor Valdés
5-Carles Puyol (24-Fontás)
3-Piqué (14-Mascherano)
22-Abidal
2-Daniel Alves
16-Busquets
6-Xavi
8-Iniesta
4-Fábregas
11-Thiago (17-Pedro)
10-Messi
Técnico: Josep Guardiola
Estádio: Internacional de Yokohama, em Yokohama, no Japão.
Público: 68.166
Cartões amarelos: Edu Dracena e Ganso (Santos); Piqué e Mascherano (Barcelona)
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