De Belo Horizonte.
Entra ano, sai ano, e a mentalidade de nossos clubes de futebol seguem as mesmas. Por que será que raramente surgem grande atletas criados na base atualmente? É esse tema que vou abordar rapidamente nessa minha humilde, e última, coluna do ano de 2011.
Contratação. Eis a palavra mais ouvida no final de ano. Aliás, o potencial dos clubes aumentou bastante com essa história de televisão e patrocínios pagarem muito, né? Pois é. Com mais dinheiro na mão, o clube tem mais poder de fogo pra sair às compras e gastar em demasia, e de qualquer forma. Como estou em Belo Horizonte e sou daqui, pegarei o exemplo de nossos clubes. Primeiramente, o Atlético. O Galo tem por tradição nas últimas gestões em contratar muito (mal). Todo santo ano chegam mais de vinte atletas e vão embora outros vinte. E vão embora porque têm que ir mesmo. Não deveriam nem ter vindo. E quantos atletas são revelados? Ou melhor, reformularei a pergunta. E quantos atletas de qualidade são revelados? Pois é. Aí a resposta muda.
O verdadeiro investimento a ser feito no futebol atual deveria ser nas categorias de base. O futebol criado no clube para o próprio clube. Investimento muito pequeno, em relação ao que é feito atualmente com contratações, muitas delas feitas "no escuro". Clubes como os nossos, que antigamente tinham times inteiros de craques formados em casa, hoje têm, no muito, três, quatro, cinco, exagerando. E se formos contar aqueles que chegam prontos para entrar na equipe, esse número cairá.
A mentalidade dos diretores de base no Brasil está errada. Hoje em dia se faz jogador pra ser campeão de torneio de categoria de base. Ah, façam-me o favor! Quem vai lembrar que o Cruzeiro foi campeão júnior em 2011 daqui a dois anos, se for muito? Vão lembrar sim se o time profissional tiver nele jogadores que formaram aquele time. Esse deve ser o papel da base: a formação de atletas.
Recorreremos ao time do Barcelona (como sempre) para ilustrar esse fator: Victor Valdés, Piqué, Puyol, Xavi, Iniesta, Thiago Alcântara, Pedro Rodrigues, Lionel Messi e eteceteras. Todos formados na base do clube catalão. Todos craques de bola. Isso é investimento em categoria de base, e que dá resultado no futuro.
Fiquei assustado nos últimos dias acompanhando o Brasileirão Sub-20. A maioria dos atletas que estão lá não têm domínio dos fundamentos básicos do futebol (domínio de bola, passe, finalização, colocação), o que chega a ser muito preocupante. Que tipo de atleta está sendo formado? Eu só vejo "brutamonte" e "brucutu" ruim de bola, em sua maioria.
Chega a ser irritante, pelo menos pra mim, ouvir os treinadores e dirigentes de grandes clubes chegarem nas televisões e vangloriarem o trabalho das categorias de base porque conquistaram um título qualquer, sendo que esse mesmo time não têm jovens atletas no profissional.
Formem atletas, e formem atletas qualificados!
Se houvesse investimento na categoria de base no Brasil, não haveria a necessidade de apostar no Tião do time X, com todo o respeito que o time X merece.
Um abraço a todos,
João Vitor Cirilo.
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