De Belo Horizonte.
Nesta quarta e última parte da série, apresentaremos algumas tradicionais charangas do exterior e a forte ligação do carnaval com as bandas das torcidas.
Nesta quarta e última parte da série, apresentaremos algumas tradicionais charangas do exterior e a forte ligação do carnaval com as bandas das torcidas.
Por Rodrigo Vessoni - Revista Roxos e Doentes, 2009, ano 2, edição 5
Charanga gringa
O Campeonato Espanhol é reconhecido como uma das competições de melhor nível técnico do mundo. Fora de campo, parte do espetáculo é proporcionado pelas charangas. É isso mesmo. Na terra das touradas, também há espaço para os torcedores músicos. Mesmo com o aumento do número de ultras – aficcionados partidários da violência, com gritos que pregam racismo, preconceito e confusão-, as bandinhas mais tradicionais continuam representadas nos belos estádios espanhóis. Entre os clubes da primeira divisão, destacam-se os Los Revoltosos Los Actuales, do Real Murcia, Los Rotundos, do Osasuña, e a charanga do Atlético de Madrid, talvez a mais representativa do país.
É possível encontrá-las também nas outras divisões. É o caso do pequeno Real Jaén, clube da quarta divisão espanhola. O Estádio de La Victoria, com capacidade para 12.569 espectadores, tem como presença certa em seus jogos a charanga Torres paquito, que leva ao delírio os poucos torcedores daquela região da Andaluzia. Outros países europeus, como a Itália, também têm charangas. Porém, com pouca representatividade.
Na América do Sul, é possível encontrá-las em três países: Peru, Colômbia e Argentina. Neste último, passividade, humor e alegria já fazem parte do passado. As portenhas já viraram sinônimo de grupos violentos, e algumas delas, de tão populosas, tornaram-se barra bravas – torcedores agressivos do futebol local.
Magia do carnaval
Não são poucos os casos em que futebol e carnaval se encontram. Em 1989, o samba Festa Profana, da escola União da Ilha, virou hino dos torcedores que festejavam a vitória dos seus times com os versos: “Eu cou tomar um porre de felicidade/ Vou sacudir, eu vou zoar toda a cidade...”. Em 1993, o Salgueiro deu um chow na Sapucaí com o samba Peguei um ita no norte e seus versos: “Explode coração, na maior felicidade...”, que logo conquistaria as arquibancadas dos estádios. Em 1994, foi a vez do samba da Mangueira: “Me leva que eu vou/ Sonho meu... “ fazer a alegria das torcidas. Em 1995 a Estácio de Sá, com o enredo Uma vez Flamengo, homenageou o centenário do clube, e o samba caiu na boca dos rubro-negros. Em 1998, chegou a hora de a Unidos da Tijuca celebrar os 100 anos do Vasco e, apesar de ter sido rebaixada para o Grupo de Acesso, a torcida vascaína canta o samba durante as partidas.
Salgueiro leva samba enredo da avenida para os estádios, quando lança em 1993 o refrão "explode coração..." |
Apesar de não serem mais executadas nas rádios, as marcinhas e sambas carnavalescos ainda fazem parte do repertório que as torcidas cantam nos estádios. Entretanto, é uma pena que as charangas estejam desaparecendo e sejam formadas por um número reduzido de músicos. Que jamais acabem! O futebol agradece!
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