sexta-feira, 29 de julho de 2011

"Boleiros da Arquibancada" entrevista: José Roberto Lux, o "Zé Boquinha"

De Belo Horizonte.
Por João Vitor Cirilo.


29/07/11 - Amigos do blog Boleiros da Arquibancada, trago mais uma entrevista até vocês. O entrevistado da vez é o ex-jogador e ex-técnico de basquete e atualmente comentarista dos Canais ESPN e da Rádio Estadão/ESPN, José Roberto Lux, o Zé Boquinha. Confiram o bate-papo que tive com o Zé e ao fim do post, deem só uma olhada nos títulos conquistados por ele.


Zé, muitas pessoas mais novas não sabem que você tem uma grande carreira construída no basquetebol. Conte para nós seus passos na modalidade, desde os tempos como jogador até os anos como treinador.
Comecei a jogar basquete aos 15 anos, no Colégio Emilio Romi, em Santa Bárbara D’Oeste, influenciado pelo meu professor de educação física, Atilio Dextro, fissurado no esporte e que me convenceu que seria bom pro meu físico. No ano seguinte, em 1960, fui levado para Piracicaba (30 km de Santa Bárbara D’Oeste), por um amigo para jogar no juvenil do XV de Piracicaba. Dei muita sorte pois comecei a treinar e ver de perto três monstros do basquete brasileiro, campeões do mundo. Vlamir Marques, o maior jogador da história do nosso basquete; Pecente, o maior armador que tivemos; e Waldemar Blatkauskas, um ala de força dos melhores, que me serviram de espelho. Apesar de uma cirurgia no joelho em 1961, que me fez perder todo o ano, voltei com força total num campeonato juvenil estadual paulista em 1962, em Campinas, onde fui revelação, juntamente com Ubiratan Maciel, o grande Bira. Me tornei titular da equipe do XV, onde joguei até 1968. Depois, Tênis Clube de Campinas até 1971. Corinthians Paulista 71/72, Tênis novamente e encerrei minha carreira no XV em 1975. Em 1978, iniciei como técnico no Tênis Clube de Campinas, já com o titulo dos Jogos Abertos do Interior e terceiro no Campeonato Paulista. Dirigi quase todas as grandes equipes do basquete brasileiro: Flamengo, Corinthians, Sírio, Monte Libano, Rio Claro, Uberlândia. Estruturei o basqute de Brasília e de várias outras equipes de menor porte.

Em um artigo que li sobre você, descobri que, paralelamente ao basquete, também era jogador de futebol. Foi uma escolha sua seguir como jogador de basquete?
Joguei futebol desde garoto no União Agrícola Barbarense, onde nasci e cresci. Fui mascote do clube pois meu técnico era zelador do clube. Até 1964, pratiquei os dois esportes, alternando minha vida entre as duas cidades. Cheguei a jogar alguns jogos no União Barbarense no Campeonato Paulista da terceira divisão de profissionais, quando já era um dos principais jogadores de basquete do XV. Mas havia entrado na faculdade, começado a trabalhar num banco e convocado para a seleção paulista de basquete. Nessa época o esporte era um meio e não um fim, como hoje, e decidi pensar só no basquete como futuro de vida.

Como treinador, você tem um retrospecto espetacular. Várias vezes escolhido o melhor. E por que parar e seguir a carreira de comentarista?
Parei de ser técnico porque minha decepção era muito grande com a CBB, com os dirigentes, árbitros, que há muito tempo vinham contribuindo com a falência de um esporte, que foi o segundo no País, onde passei a maior parte da minha vida trabalhando e inovando, principalmente com meu intercâmbio com o basquete norte-americano, iniciado em 1981. Passei a ser odiado por quem dirigia nosso basquete, que não admitem serem criticados.

José Roberto Lux, como convidado no Programa Lente Esportiva, da Net Cidade, ao lado de Giu Vendramini e Rogério Domingues.
(Foto retirada de
http://ranchodotonicao.blogspot.com/)

Começou apenas como comentarista de basquete ou desde o início já comentava também o futebol?
Sou comentarista de basquete desde os anos 80, trabalhando durante muito tempo na TV Cultura em São Paulo. Na ESPN, comecei na Olimpíada de Atlanta, em 1996. No futebol, sempre participei de programas em Campinas, onde moro desde 1968. Fui dirigente da Ponte Preta, amigo de vários técnicos, o que me deu uma experiência muito grande. Em 2006, quando decidi deixar o basquete, pedi ao Trajano (José Trajano), diretor da TV, para comentar futebol também. Comecei na Copa São Paulo de Juniores em 2007 e estou na ativa até agora.

O Basquete brasileiro passou por uma reformulação nos últimos anos, com a criação do Novo Basquete Brasil. Até que ponto isso pode ajudar o crescimento do esporte no nosso país e, consequentemente, ajudar a melhora de nossa seleção?
Uma liga independente era uma necessidade de longa data. Essa mudança já tem dado resultados, mas nosso maior problema continua nas categorias menores, abandonadas pelos grandes clubes e onde existem não tem estrutura e técnicos competentes. Há anos venho alertando a CBB sobre este problema, mas ninguém ouve. É necessário um trabalho de massificação e integração com as escolas e a confederação tem que agir nisso. Lhe
 faço uma pergunta: depois do Leandrinho e o Huertas, revelados em 2002, quem mais revelamos no mesmo nível dos dois?

Zé Boquinha e Marcelo Di Lallo, companheiros de Rádio Estadão/ESPN.
(Foto retirada de http://terceirotempo.ig.com.br/)

O título da temporada passada da NBA caiu em boas mãos?
Foi uma final das mais estranhas da história. O título foi merecido porque Dallas jogou sabendo dos seus limites e da sua força de conjunto. Acreditou nisso e nunca se entregou. Quanto a Miami, acreditou na arrogância como arma, onde LeBron foi o símbolo: não se esquematizou, não teve técnico atuante e não teve coragem.

Por falar na NBA, o basquete norte-americano passou por um período de crise ao fim dessa temporada. Alguns jogadores inclusive ameaçaram sair do país e atuar em outros centros do basquete. Poderia explicar para nossos leitores o porquê disso tudo?
A greve da NBA é uma greve patronal. Os donos das franquias querem diminuir em 30% o teto salarial das equipes que é de 59 milhões de dólares e não abrem mão disso. Desde primeiro de julho acabou a relação profissional entre jogadores e times. As Arenas estão fechadas e não existe mais a relação contratual entre as partes. Em Agosto vai haver uma nova reunião entre o sindicato dos atletas e os representantes das franquias. Tomara que cheguem a um acordo, pois estamos correndo o risco de não haver temporada.

Gomão Ribeiro, Carlos Lima e Zé Boquinha, no Estádio do Canindé, em 2009. 
(Foto retirada de http://www.papodebola.com.br/)

Um craque no basquete antigo ...
Vlamir Marques, o melhor do Brasil. Da NBA, Magic Jonhson.

Um craque no basquete atual ...
Huertas no Brasil. Kobe Bryant na NBA, Michael Jordan o melhor da história.

Falando de futebol, confia no trabalho de Mano Menezes ou preferia outro no comando de nossa Seleção?
Não gosto quando o técnico fica de birra com alguns jogadores e protege os amigos. O Mano pode se machucar nestas escolhas. Estamos numa crise de atacantes de definição. O Pato não inspira confiança, Robinho já deveria estar fora. O esquema do Mano é bom, mas a teimosia pode atrapalhar. Além do fato de que nossos atletas estão mais preocupados com o visual, com o que farão fora de campo do que dentro dele.

Alguns dizem que foi jogada muita responsabilidade nas costas de garotos como Neymar e Ganso e isso pode ter atrapalhado o Brasil na Copa América. Concorda com isso?
Não acredito que isso foi o nosso problema. Neymar até que foi bem. Quanto ao Ganso, que acompanho desde os juniores, tem que fazer um trabalho de maior resistência física, com suprimentos alimentares. Lembrando que ficou mais de um mês contundido, entrou na decisão da Libertadores sem treinar e foi em seguida para a Copa América.


Títulos como atleta:
_ Hepta-Campeão dos jogos abertos, Campeão Paulista e Campeão Paulista do Interior, pelo XV de Piracicaba, onde atuou nos anos 1960 - 1968.
_ Campeão do Interior e de Torneios Internacionais, pelo Tênis Clube de Campinas, onde permaneceu no período 1968 - 1971.
_ Campeão Paulista, pelo Corinthians, no período 1971 - 1972.
_ Medalha de Bronze na Olimpíada Universitária (Tóquio) em 1967 e Campeão Sulamericano em 1970, no Chile, pela Seleção Brasileira.

Títulos como treinador:
_ Jogos Abertos do Interior em 1978, pelo Tênis Clube de Campinas.
_ Bi-campeão paulista em 1987 e 1995; Jogos Abertos do Interior em 1988; Campeão Sulamericano e Panamericano (Copa América) em 1995, pelo Rio Claro.
_ Jogos Abertos do Interior em 1993, pela equipe de Jales.
_ Campeão Carioca pelo Flamengo.
_ Campeão Goiano pelo Universo.
_ Campeão Mineiro pelo Uberlândia.

Títulos individuais como treinador:
Escolhido o melhor do técnico do ano por quatro oportunidades: 1983, 1987, 1995 e 1998.

Zé Boquinha tem a marca de 1017 vitórias na carreira.

3 comentários :

  1. Tenho o maior orgulho de ser seu amigo de infancia
    Musica conhece pouco, mais de futebol e basket sempre foi fera

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  2. esse cara é um comentarista e tanto mais nao sabia que ele ja foi profissional cara parabéns em ZÉ BOQUINHA uma vez ele estava comentando um jogo da NBA e falou do meu professor O PAPAI NOEL DE CARUARU(JORDÃO)eu nunca mais esqueço disso

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  3. Tenho o prazer de dizer aos meus amigos que sou amigo de Zé Boquinha, um cara fantástico, simples e com um conhecimento esportivo de fazer corar qualquer um destes especialistas que andam por aí. Ainda bem que a Espn nos deu a oportunidade de ouvi-lo, e ve-lo, constantemente em suas transmissões.
    Grande José Roberto Lux, uma cabeça premiada e um sujeito de grande categoria.
    Parabéns pela matéria.

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