sexta-feira, 17 de junho de 2011

"Boleiros da Arquibancada" entrevista: Jota Júnior

De Belo Horizonte.
Por João Vitor Cirilo e Matheus de Oliveira.

17/06/11 - Nesta edição do "Boleiros da Arquibandada Entrevista", trazemos mais um bate papo com um grande narrador esportivo. Estamos falando de José Francischangelis Júnior, o Jota Júnior. Abaixo, um bate-papo com o narrador do Sportv e dos canais PFC. Falamos sobre sua carreira, sobre a narração esportiva e outros assuntos relacionados. Confira.


Conte-nos sobre sua caminhada até os dias atuais, Jota.
Comecei no rádio de Americana em 1969 ( Rádio Clube ) como redator de esportes e logo depois passei a reportar, e narrar. Eu tinha 20 anos de idade e sempre sonhava em trabalhar em rádio. Desde pequeno imitava locutores de rádio e "narrava" jogos de botões. E como a maioria que atuava em rádios do interior, almejava chegar às rádios da Capital.

Jota Júnior também era o nome artístico de um narrador muito famoso no rádio mineiro, de uma geração anterior à sua. O seu “Jota Júnior” é por causa dele ou tem outras raízes?
Jota Júnior surgiu pela dificuldade de pronunciar meu sobrenome: Francischangelis. Na época, também, usava-se muito o "pseudônimo" para quem trabalhava em rádio, cantores e atores. Um amigo sugeriu o Jota do meu José....e o Júnior que também é meu. Meu nome todo é José Francischangelis Júnior. Não teve nenhuma inspiração, nem no grande narrador Jota Júnior de BH, nem no compositor Jota Júnior da época.

É verdade que você foi candidato à vice-prefeito de Americana? Se sim, pensa em voltar à política?
Em 1976 eu trabalhava como assessor do prefeito de Americana. Tinhamos a mesma idade, éramos amigos e tinhamos a mesma idade. Estavam sendo montadas as chapas para as eleições municipais. Eram três as chapas do partido ( MDB da época ). Faltava um dia para a ínscrição das chapas e um nome precisava ser preenchido pelo partido. Um candidato a vice-prefeito na legenda. O então prefeito me intimou a aceitar, o que muito me contrariou. Nunca havia me metido em politica e fiquei com receio da missão. Resisti até o último momento, mas depois, com medo de ser demitido (risos) acabei topando. Mas jamais voltei a me candidatar a nada. E nem pretendo.

A primeira vez que narrou na televisão foi na TV Bandeirantes, depois de muitos anos no rádio. Demorou a se adaptar às câmeras ou encarou com naturalidade?
MInhas primeiras narrações em televisão foram na Gazeta por volta de 1978. Rádio e Tv formavam a equipe de esportes da Gazeta e algumas vezes fui chamado para trabalhar em vetês de jogos do campeonato paulista. Na época transmiti também jornadas de Luta Livre, que a Gazeta apresentava aos domingos de noite. Participava esporadicamente das mesas redondas do canal, às segundas-feiras, tradicional programa da Gazeta.

Qual a diferença em trabalhar em canal aberto e fechado?
Quando me perguntam sobre a diferença de narrar em canal aberto e fechado, digo que não há. A responsabilidade de quem comunica é a mesma. É enorme. Há que ter o respeito por quem está sintonizado. Seja nessa ou naquela emissora, grande, médio ou pequeno público.



Apesar de ser conhecido pelos trabalhos no rádio, mas principalmente pela TV, você também trabalhou em jornais. Qual a mídia mais prazerosa e qual a mais difícil de atuar?
Sempre gostei de escrever. Quando comecei no rádio, 1969, quase que simultaneamente fui convidado para escrever no jornal "O Liberal", de Americana, minha cidade.
Fiz correspondência para o jornal "A Gazeta Esportiva" de São Paulo, por uns tempos. Escrevi também para o "Diário do Povo", de Campinas. Repito: gosto muito de elaborar textos, comentários. É uma mídia apaixonante.

Que narrador você gosta (ou gostava) de acompanhar quando não está trabalhando?
Quando estou de folga pouco vejo futebol. Mas sempre dou as minhas espiadas, é claro, e sempre torcendo pelos colegas narradores. Como sei das dificuldades do trabalho e da responsabilidade, vejo e torço para que todos se dêem bem. Cada um no seu estilo, evidentemente.

Acredita que a forma correta de narração na TV seja sem “gritaria”?
Sobre narrar sem gritaria, devo dizer que temos público para todos os estilos, é claro. Particularmente procuro me colocar na posição do telespectador - como eu gostaria de assistir - e faço o meu trabalho o mais discreto possível. Entendo que numa transmissão de televisão o mais importante é a imagem. O comunicador apenas compõe o produto. A emoção deve caminhar com o espetáculo, evidentemente, mas sem agredir os tímpanos do telespectador. É diferente você gritar no rádio, de gritar na televisão. Eu, como assistente, não gosto de gritaria nos meus ouvidos, então evito fazer isso. Mas repito, há público para todos os estilos, formas de narrar. E respeito.


Jota Júnior ao lado do comentarista Júnior na cabine do Mineirão.

Quando conversamos com narradores, cada um mostra uma forma diferente de preparação para os jogos. Como é sua preparação antes das partidas?
Me preparo para as transmissões estudando o jogo, vendo pesquisas, situações das equipes, momento do campeonato e tudo mais.
Fisicamente, procuro dormir bem na noite anterior, evito bebidas geladas, faço gargarejo, além de mel e gengibre para abrir o gogó. É muito importante que o narrador esteja tranquilo, sereno, em paz, para uma boa transmissão. A emoção vem depois, com o jogo.

Quem pára Neymar?
Sobre Neymar, seu talento é o grande desafio para os marcadores ou esquemas táticos que o neutralizem. É muito dificil, pois é leve, criativo, habilidoso, um autêntico craque da bola. Todo jogador que seja íntimo da bola é muito dificil desarmá-lo. Neymar é desses. Uma das maiores revelações dos últimos tempos, na sua característica.

Jota, vimos nesse dias anteriores um decreto do governo que impõe o sigilo sobre o dinheiro que está sendo gasto na Copa do Mundo. O mesmo só será revelado quando bem entenderem. Qual sua opinião sobre essa postura e, qual sua opinião sobre a realização sobre a Copa no Brasil?
Quanto ao dinheiro investido para as obras da Copa de 2014, se for dinheiro do povo, é evidente que deve haver transparência na sua aplicação. O dinheiro público precisa ser bem gasto e o povo precisa saber onde foi aplicado. O Governo não deve, e não pode, acobertar prestações de contas, sob pena de cometer um crime com o erário público.
Infelizmente vivemos momentos em que a honestidade é rara, em praticamente todos os segmentos, e por isso a necessidade de alta fiscalização na grana pública em obras para o Mundial.

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