domingo, 6 de março de 2011

"Boleiros da Arquibancada" entrevista: Deva Pascovicci, "o Pavarotti do rádio"

De Belo Horizonte.
Por João Vitor Cirilo e Matheus de Oliveira,

06/03/11 - Amigos, é com muita felicidade e honra que trazemos até vocês mais uma entrevista com um comunicador esportivo. Dessa vez, o entrevistado é o grande narrador Deva Pascovicci, da Rádio CBN de São Paulo. Deva aceitou gentilmente ceder um pouco de seu concorrido tempo e responder a nossas perguntas com muita boa vontade.



Deva, primeiramente gostaríamos de lhe agradecer por ceder um pouco de seu tempo para nos conceder essa entrevista e dizer-lhe que somos grandes admiradores de seu trabalho. Começaremos perguntando sobre o início do interesse pela comunicação esportiva, Deva. Em que cidade nasceu e como foi a adolescência em relação ao futebol? Como a comunicação entrou em sua vida? 
Te garanto que é algo que não dá pra contar em poucas linhas. Quando criança jogava futebol e praticava outros esportes. Certa vez fui escolhido como “jogador da rodada” e fui receber o prêmio na emissora da cidade (difusora de Monte Aprazível). Saí de lá empregado como operador de som. Passei por várias emissoras de rádio do interior de SP como DJ e fiz Jornalismo no rádio em Cuiabá. Comecei a narrar em Jales, cidade que tinha um grande time de basquete. Em 1992, fomos (pela rádio de Jales) cobrir o Pré-Olímpico de basquete em Portland, e foi daí que surgiu um convite para trabalhar na TV Manchete.

Sabemos que o nome que usa no trabalho é artístico. Qual seu verdadeiro nome e como escolheu a alcunha “Deva Pascovicci”? 
“Deva” vem de Devair. O Pascovicci surgiu de uma vinheta, aquelas de abertura de transmissão, muito mal feita. Segundo o produtor, com o sobrenome Paschoalon ficava impossível fazer qualquer melodia. Quando chegou a nova já estava o “Pascovicci”. Nunca conheci o cara que fez a vinheta. Era de um estúdio de Ribeirão Preto.

Trabalhou em quais outros meios de comunicação, além da atual Rádio CBN? 

Várias emissoras de rádio no interior, com um carinho muito especial pela Cultura, em Jales. Quando cheguei a São Paulo fui direto para a TV Manchete, isso em 1992. Entrei no Sportv em 1995 e fiquei até 2005, quando me transferi para a CBN.

Além de narrador, já desempenhou outras funções no rádio? 

Nem sempre bem feito, em quase todas.

O convite para trabalhar na TV, provavelmente aconteceu pelo reconhecimento de seu bom trabalho realizado no rádio. Como foi a adaptação à nova mídia e, se tivesse a oportunidade, gostaria de retornar à televisão? 
Como disse, foi através do basquete. A Manchete tinha um programa de final de semana (A Grande Jogada) e fazia muito esporte olímpico, em uma tentativa de seguir o caminho aberto pela Band. Coincidentemente, a oportunidade de trabalhar no Sportv também foi através do basquete. O canal tinha acabado de comprar os direitos de transmissão da Liga Nacional e precisava de uma equipe em SP. A indicação foi do Fábio Sormani que acompanhava meu trabalho na Manchete.


Deva, Oscar Ulisses e Eduardo de Meneses. 
(Foto retirada do site "Papo de Bola")

Enquanto esteve narrando na TV, deixou de trabalhar no rádio? Houve dificuldade na volta ao rádio, por costume ao estilo diferente de narração imposto pela televisão? 
Não tinha como conciliar. O Sportv tinha uma equipe nacional e muito pequena. Fazíamos todos os jogos “in loco”. A maior dificuldade foi na volta para o rádio. Tive a sorte de ser a CBN, era um projeto novo, muito mais preocupado com o conceito do que com o estilo de narração.

“Pavarotti” (se é que podemos o chamar assim), quando lia um artigo sobre você, soube que passou por um momento difícil de saúde, em 2006. Podería nos contar a situação e como foi a volta ao rádio? 
Descobri um mês antes de ir para a Copa da Alemanha que estava com dois cânceres primários, um no reto e outro no rim. Em Junho, durante a Copa, me submeti a uma cirurgia para retirada dos tumores. Uma intercorrência grave me fez ficar em coma por 25 dias, perdi toda a Copa. Quando voltei tinha perdido muito peso, foi um longo período de recuperação com fisioterapia e muitas voltas ao médico. Em fevereiro de 2007 consegui voltar. A compreensão dos companheiros da CBN foi fundamental.

Por falar no apelido de “Pavarotti”, como surgiu o apelido dado pelos colegas? 
Isso é uma heresia do meu amigo e companheiro Paulo Massini. Essas coisas surgem, quase sempre, em função do improviso que o rádio requer. Às vezes falta assunto e dá nisso.

Deva Pascovicci, Victor Birner e Paula, na Rádio CBN.

Sobre seus bordões, Deva. Os mesmos são pensados ou acontecem naturalmente? 
Naturalmente. Não gosto muito que isso se torne uma obrigação. Não me prendo a eles. Os bordões são palavras ou frases ditas por todos os narradores. Mesmo sem os bordões, Osmar Santos teria sido o maior no rádio em todos os tempos. Os dois maiores narradores de TV (Luciano do Valle e Galvão Bueno) não usam, ou usam muito pouco. Silvio Luiz, Januário, Marco Antônio são um caso à parte, formavam frases marcantes, esses realmente criavam. Hoje criamos bordões com uma palavra. Ficou fácil.

Vamos supor que você receba o convite para ser o coordenador de esportes de uma rádio. Monte sua equipe de esportes, com narrador, comentarista, repórter e plantonista, podendo incluir os que já penduraram o microfone. 
Narrador: José Silvério, Éder Luiz, Oscar Ulisses e Silva Jr. Repórteres: Alexandre Praetzel, Jesse Nascimento, André Sanches e Rafael Prates, Conrado (Giulietti), Zupak... tem muita gente boa na praça. Comentarista: Vitor Birner, Mário Marra e Paulo Calçade e PVC. Observador Geral (plantão): Milton Neves, Paulo Massini...

Tem metas e planos para o futuro na comunicação, Deva? 
Sempre muito otimista. O rádio tem que saber aproveitar o momento de convergência com a web, criar novos produtos, se tornar mais profissional.

Para finalizar, dê uma dica àqueles que desejam se tornar um grande narrador, como você o é hoje. 
Poucos nasceram com o dom, esses foram muito acima da média. Para nós, os mortais, o jeito é praticar muito. Quanto mais jogos narrar mais vai se aperfeiçoar. Foi um prazer.

5 comentários :

  1. Muito bacana a entrevista. Ouço muito pouco o rádio, mas me lembro bastante do Deva na época do Sportv. Uma voz marcante. Parabéns ao blog pessoal.

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  2. Hoje não tem pra ninguém...Deva é o mais legal de todos! Parabéns!

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  3. Sou fã de Carteirinha ,mano deste baita narrador

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  4. Para mim a grande voz da nova geração de narradores do rádio ao lado do Marcelo Gomes. Dá=lhe Deva Pascovicci.

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  5. Muito legal joguei basquete em jales, tem otimas recordadacoes fico feliz que esse excelente narrador foi projetado la.

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