sexta-feira, 4 de março de 2011

"Boleiros da Arquibancada" entrevista: Marco Bello

De São Paulo.
Por Arthur Stabile.
04/03/11 - Primeiramente, agradeço a chance de entrevistar uma das maiores promessas do jornalismo esportivo nacional, Marco Bello, repórter da Rádio Transamérica e Rádio Record.
Como você descobriu o dom para o jornalismo?
Cara, não sei se tenho "dom" pra jornalismo, o que eu acho importante todo jornalista ter é curiosidade, estar sempre atento aos detalhes, coisas que ninguém vê, e descrever bem para os outros. O jornalista precisa enxergar o que ninguém enxerga, além de ser imparcial e neutro.
Qual o primeiro contato com a profissão?
Eu comecei fazendo produção, em 2003, aqui mesmo na Transamérica, na equipe do Éder Luiz.
Como foi o seu início de carreira?
Fiquei uns quatro anos como produtor, fiz de tudo, trabalhei em todos os programas, chegava mais cedo que todos, saía mais tarde, pra aprender todas as funções. Aprendi a operar a mesa de som, os equipamentos, cheguei a fazer sonoplastia em alguns programas, e ia ouvindo as gravações dos repórteres que trabalhavam aqui na época pra eu treinar depois.

Em que momento preferiu seguir a carreira esportiva?
Na verdade não foi uma escolha, acabou acontecendo.
Qual a sensação de trabalhar em rádio?Trabalhar em rádio é o melhor aprendizado que você pode ter, na minha opinião. Aqui você aprende a ter raciocínio rápido, vocabulário, dinâmica, improviso, etc. Vários apresentadores de televisão começaram no rádio e dizem que aprenderam muito com isso. Eu pessoalmente acho o veículo mais ágil e mais gostoso de trabalhar.

O sonho de toda criança e torcedor de um clube é conhecer o ídolo de seu time. De que maneira você classifica o contato com os jogadores e ídolos destas torcidas?Depois que você começa a trabalhar nos clubes, deixa de lado essa coisa do ídolo. Claro que existem jogadores especiais, que você respeita e que é muito legal conhecer, como o goleiro Marcos, do Palmeiras, por exemplo. Mas a maioria dos jogadores são apenas jogadores, ferramentas do seu trabalho, pessoas comuns, não existe essa coisa de ídolo no dia-a-dia do clube.

Já foi setorista do Palmeiras e agora do Corinthians. Qual a diferença entre essas duas torcidas e entre os dois grandes clubes em geral?
Não há tanta diferença assim. No Corinthians há um pouco mais de cobrança em relação à notícia, porque é um clube efervescente a todo momento, Mas a torcida do Palmeiras é igualmente apaixonada e cobra muito também. Os dois clubes são grandes, com jogadores de nome, então há uma certa distância entre a imprensa e os atletas. Mas nos dois clubes há pessoas legais que cooperam com o nosso trabalho. Uma diferença grande, pelo menos para mim, que moro na zona oeste, é que o Corinthians é beeeeeem mais longe! rsss
Não há como esconder que todo amante do futebol ama e tem uma identificação maior por um clube. Você poderia nos informar qual o seu time do coração?
Qual clube que você acha que eu torço? Vamos ver se eu disfarço legal. hahaha
Qual a sua opinião sobre a ‘invasão’ dos ex-craques no jornalismo esportivo brasileiro? E trabalhar com ex-jogadores ou árbitros é muito diferente de jornalistas formados? (Sem qualquer preconceito na pergunta, muito pelo contrário, admiro demais o trabalho deles e defino o Neto como melhor comentarista brasileiro, por exemplo)Pra mim é um orgulho trabalhar com o Neto e o Godoi, são caras que já estiveram dentro de campo, e tem uma visão diferenciada em relação aos outros comentaristas. Acho legal a mescla, de jornalistas e ex-esportistas. Assim você pode ouvir os dois lados da história.
Quando jovem pensava que teria uma carreira esportiva em rádios tão importantes do Brasil?Olha, eu me considero jovem ainda, tenho 31 anos, e tenho orgulho de trabalhar em uma rádio tão ouvida como a Transa, Mas também é uma responsabilidade a mais. Uma dica: sempre checar as informações, porque quando você fala algo, está falando de alguém, e pode não parecer a princípio, mas você pode interferir na vida dessa pessoa, então tem que ter muita responsabilidade.
Pretende seguir apenas a carreira esportiva ou pensa em ir para outras áreas no futuro?Acho que continuarei no esporte, mas não descarto nada no futuro.
O que você deixa de dica ou recado para os futuros jornalistas e repórteres brasileiros?Tem que ler muito, ter conteúdo. Tem muita gente com voz bonita, dicção perfeita, mas não tem conteúdo. Por isso, quando abrir o jornal de manhã, não abra só a página de esportes. Não precisa ler o jornal do começo ao fim, mas pelo menos dá uma lida nas manchetes e nas principais notícias. Outra dica: leia sempre duas opiniões antes de tirar a sua. É mais difícil você ser ludibriado. Tem um ditado que diz: o burro não é aquele que não lê o jornal. É aquele que só lê um. E no rádio, a leitura é importante, porque quando dá aquele famoso branco no ar, você tem que falar algo, e quanto mais conteúdo você tiver, mais facilmente algo legal vai vir na sua cabeça.

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