domingo, 13 de fevereiro de 2011

"Boleiros da Arquibancada" entrevista: Wellington Campos

De Belo Horizonte.
Por João Vitor Cirilo e Matheus de Oliveira.


13/02/11 - Amigos,  trazemos à vocês mais uma entrevista com um grande jornalista esportivo. Falamos de Wellington Campos, conhecido em Minas Gerais pelos trabalhos como setorista da CBF pela Rádio Itatiaia. Wellington, gentilmente, aceitou nos atender e responder a nossas perguntas.

Wellington nos trabalhos pela Rádio Itatiaia.
(Foto retirada do site Papo de Bola)


Quando começou o interesse em se tornar um comunicador?
Sempre gostei de rádio. Desde de criança ouvia ao lado dos meus pais em Formiga. Cresci assim e aos 14 anos já frequentava os estúdios da Rádio Difusora Formiguense.

Sempre houve o interesse em seguir na área esportiva ou você foi como todo garoto que, um dia, sonhou em se tornar um jogador profissional?
Joguei futebol com os amigos, mas nunca pensei em seguir carreira. Naquela época era muito dificil alguém da cidade ter chances em Cruzeiro, Atlético ou América. Foram poucos garotos que tentaram, e olha, tinha gente boa de bola. Dois deram jogadores, o Éder Lopes no Galo e o Ivan no Cruzeiro.

Quando se formou e em que ano começou o trabalho pelo rádio?
Comecei no Rádio no inicio da década de 80 lá Formiga. Vim para o Rio de Janeiro em outubro de 85 e na Itatiaia desde agosto de 1990.

Conte-nos sobre o início de carreira. Muitas dificuldades?
Estudava, trabalhava, escrevia uma coluna para o Jornal Tribuna Formiguense e participando de grupo de jovens da Igreja S.VIcente Ferrer, fizemos um campeonato de futsal. Aí arrumamos um gravador emprestado e ficávamos brincando de entrevistar o pessoal que jogava. Entre eles estava o Jaime Mendonça, que era o locutor esportivo da Difusora. Um dia, ele pediu para ouvir a fita, gostou e veio o convite para entrar no rádio. E tudo começou assim.

Quais veículos, além da Rádio Itatiaia, já contaram e atualmente contam com a brilhante reportagem do “ídolo”?
Bem, atualmente faço a Itatiaia, uma baita casa, pessoal sensacional. Os Carneiros dão todas condições de trabalho com equipamentos de ponta. Sou correspondente também das Rádios Banda B em Curitiba, Paiquerê Londrina, Jornal Commercio em Recife, 730AM em Goiânia, Clube em Belém do Pará, às vezes Jovem Pan São Paulo, Tamoio Rio de Janeiro. Passei aqui no Rio pelas rádios Solimões Nova Iguaçu, Super Rádio Tupi, Nacional, Bandeirantes, Mundial e 1.440 AM. Também trabalhei na Transamérica São Paulo.

Quem mais influencia você no rádio, em quem se espelha e quem gosta de ouvir?
São muitos ídolos. Izrael Gimpel da Jovem Pan é um cara que eu me espelho no Rádio. Aos 78 anos ainda na ativa, equilibrado nas informações. Em Minas Gerais sempre admirei o trabalho do Emanuel Carneiro, Roberto Abras, (Calos César) Pingüim, Alair Rodrigues, Willy Gonser, Alberto Rodrigues, Fernando Sasso, Kafunga, Valdir Barbosa, entre tantos outros, com quem aprendi muito de rádio.

Em quantas Copas do Mundo você já trabalhou e qual a mais marcante de todas?
Fiz cinco copas: 94, 98, 2002, 2006 e 2010. Todas marcaram muito. Pelas conquistas e pelas derrotas. Lógico que a de 94 nos EUA foi muito emocionante por ser a primeira e pelo título. Era tudo novo.

Wellington, além de repórter, você também atua como narrador. Muitos dizem que para descrever uma partida de futebol tem que nascer com o dom. Você acha que nasceu com este talento ou aprendeu com a experiência no rádio esportivo?
Com certeza é dom, mas a experiência também ajuda muito a narrar uma partida de futebol.

E qual é a sua preferência: a reportagem ou a narração?
Gosto muito de tudo que faço no rádio. Quanto mais difícil, mais eu me divirto.

Como surgiu a oportunidade de trabalhar como correspondente de várias emissoras, cobrindo a CBF? Foi um projeto seu ou aconteceu casualmente?
Fui cobrir o dia a dia da CBF pela Rádio Nacional e fui sendo convidado pelas emissoras para ser correspondente. Lógico que estar em cima dos acontecimentos ajuda a ser chamado.

Tem alguma experiência ou história engraçada que poderia trazer para nós, ídolo?
O que não falta no rádio é história. Na Copa do Mundo de 94 nos Estados Unidos, fiquei baseado em Dallas onde estava IBC - Centro de Imprensa Mundial. Meu colega Mário Silva descobriu que o gerente do nosso hotel, um indiano, gostava de pin - esses broches alusivos aos eventos e entidades. Um dia, eu, outro dia o Mário Silva, dava um pin para o cara e em troca vinham dois ingressos de café da manhã. Passamos toda copa do mundo tomando café da manhã por conta dos pins.

Como você lida com os diferentes estilos de transmissão pelo país afora? Cada estado ou região tem sua característica específica, seja mais vibrante, mais cadenciada... Pro repórter faz diferença?
Boa pergunta. Tenho colegas que querem fazer o sotaque das regiões do Brasil. Eu faço meu do meu jeito para todo mundo. Uso o bordão "meu ídolo" no país inteiro. Até por que as pessoas que me ouvem em Belo Horizonte, se forem para Belém do Pará ao ouvir a Rádio Clube saberão quem estão ouvindo.

Qual o pior fato que teve de noticiar?
Demissão de treinador, de diretor são difíceis de dar. É preciso respeitar o profissional até na derrota. Cortes na seleção também são complicados. O corte do Romário em 98 na Copa da França foi complicado. O pior é que quase diariamente tem noticia ruim para dar com condenação por doping.

Qual dos eventos prefere cobrir: Copa do Mundo ou Jogos Olímpicos, e por quê?
Gosto dos dois. São importantíssimos e diferentes. A Copa do Mundo é só futebol, um país todo envolvido. Nas Olimpíadas uma cidade está envolvida e contagia as outras. Os atletas olímpicos são mais fáceis de lidar do que os jogadores do futebol.

Wellington, membro da equipe técnica da Rádio Itatiaia, Willy Gonzer e Álvaro Damião, na Copa do Mundo de 2006.
(Foto retirada do site Papo de Bola)

Você que vive o dia-a-dia da CBF e Seleção Brasileira há muitos anos, já viu ou soube de alguma influência de empresários nas convocações? E nas categorias de base, isso ocorre?
Nunca presenciei isso. Penso o seguinte: se o jogador não tiver bola, o empresário dele vai se dar mal na Seleção. A própria imprensa e mais os torcedores "cortam" o cara. O treinador sabe que a cabeça que rola é dele numa situação dessa.

Já aconteceu de algum empresário chegar até você ofertando algo, em troca de omitir alguma informação ou opinião?
Não. E pelo meu jeito de trabalhar o cara não teria coragem de fazer alguma proposta. Também não faço cobertura de clube.

Você é um dos repórteres mais bem informados da mídia esportiva. Quando se trata de assuntos de CBF, chega a ser doutor no que se passa na entidade maior do futebol do Brasil e STJD. Qual a sua opinião a respeito da CBF ter o mesmo comandante há muitos anos? As denúncias que envolvem Ricardo Teixeira e a entidade em si têm algum fundamento?
Em 89, quando Ricardo Teixeira chegou à CBF, ela estava falida. Três meses de salários dos funcionários atrasados. A Seleção jogando por U$ 100 mil. Sem patrocinador. Ele mudou tudo isso. Hoje o Brasil é a seleção mais bem paga do mundo. Tem os maiores contratos de patrocínios do futebol, vitoriosa e respeitada. Ou seja, Ricardo Teixeira tem seu valor e merece continuar. Sobre as denúncias, o Ministério Público tem apurado e não encontrou nada até agora. Hoje é fácil alguém querer ser o presidente da CBF pois está solidificada e com dinheiro em caixa. Se estivesse falida, ninguém iria querer.

Para finalizar, um conselho a quem está começando carreira na comunicação esportiva, Wellington.
Fale sempre a verdade, apure as informações de todos os seus lados, seja leal e honesto. Talvez não ganhe bastante dinheiro, mas será respeitado e admirado por todos. Abraços e obrigado pela oportunidade. Fiquem com Deus.

Nós que agradecemos a você pela oportunidade, ídolo. Desejamos a você muitos anos de sucesso e que continue reportando brilhantemente como você vem fazendo ao longo dos anos.

Abraço a todos.

2 comentários :

  1. Parabens por mais uma bela entrevista continuem assim vocês estão no caminho certo.Abraço!

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  2. ouço você pela 730am Goiânia e tive a curiosidade de conhecer sua historia como começou foi legal saber que atrás do bordão MEU ÍDOLO tem um baita profissional PARABÉNS WELLINGTON CAMPOS

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