Hoje como Rexona-Ades, equipe de Bernardinho foi derrotada apenas uma vez em 29 jogos. É o décimo título, somando-se aos dois da década de 1990, quando a sede ainda era no Paraná
Por João Vitor Cirilo.
26/04/2015 - A potência de Natália e Gabi, o "paredão" de Carol, a genialidade de Fofão, a maestria de Bernardinho. O Rio de Janeiro, hoje Rexona-Ades, garantiu neste domingo (26), de forma extremamente merecida, o seu décimo título da Superliga Feminina de Vôlei – considerando também as conquistas das temporadas 1997/1998 e 1999/2000, quando a sede ainda era o Paraná. "Incontestável" talvez seja a palavra que melhor defina o título deste ano. Não houve nenhuma equipe que tenha se aproximado do desempenho e da regularidade da equipe carioca nesta temporada 2014/2015.
Rexona-Ades conquistou o terceiro título consecutivo, o oitavo como Rio e o 10º geral.
(Foto: Alexandre Arruda/CBV)
(Foto: Alexandre Arruda/CBV)
O Rio foi o melhor time durante todo o tempo, perdeu apenas uma vez em 29 jogos, e chegou à decisão ainda mais motivado por um motivo em particular: era a despedida de Fofão – bom, ao menos em solo brasileiro, já que ela também defenderá o Rexona-Ades no Mundial de Clubes nos primeiros dias do próximo mês. Querida por todos e uma das maiores – se não for a maior – de todos os tempos na posição, a levantadora se despede do jeito que sempre foi: campeã, e incrivelmente em alto nível aos 45 anos.
Natália, maior pontuadora da final com 16 acertos, se emocionou pela conquista e pelo encerramento da carreira de Fofão. "Todo mundo jogou pela Fofão. Esse choro é de felicidade por ela. O time todo merecia pela temporada que fez, pelos jogos que fez, e ela também merecia fechar com chave de ouro essa carreira brilhante que teve", afirmou a ponteira em entrevista ao SporTV após o confronto.
"Eu espero que ela não se afaste do voleibol. Merece uma menção especial e fechou a carreira da maneira que deveria fechar. Não apenas pelo brilho da carreira e pelos títulos, mas pelo amor ao voleibol. Tive a oportunidade e a honra de trabalhar com a Fernanda, Fofão, Maurício, Ricardinho... aprendi mais do que ensinei. Espero que possamos formar ainda mais muitos levantadores, inspirados nesses que citei. A Fofão se despede deixando uma marca incrível, numa festa incrível e num lugar maravilhoso", avaliou o técnico Bernardinho também em entrevista ao canal de TV.
(Foto: Divulgação/Rexona-Ades)
Se valeu a pena? Fofão tem certeza: "Cada segundo, cada minuto. Isso aqui é muita emoção, melhor do que planejei, do que imaginava. Estou muito feliz e as lágrimas são de felicidade", destacou ao SporTV. Em entrevista ao Boleiros da Arquibancada após a primeira partida da semifinal, Fofão comentou com a alegria este encerramento de um ciclo.
– Avalio de forma positiva. Em todos os momentos da minha carreira, vivi uma crescente muito boa, aprendendo, evoluindo, melhorando. Talvez nunca sonharia jogar com 45 anos. Tudo que eu plantei antes estou colhendo agora, de estar bem fisicamente, estar em quadra. Passamos por muitas dificuldades e coisas boas, tudo serve para aprender. Passei em vários clubes, conheci várias jogadoras, então nada mais justo do que encerrar a carreira. Fico feliz por poder escolher o momento em que vou parar, sem lesões. Foi uma carreira vitoriosa, muito alegre, de dedicação, e acima de tudo feita com amor. Isso foi o mais importante nesses 30 aninhos de carreira.
Gabi foi a maior pontuadora e a melhor atacante desta Superliga.
(Foto: Thomás Santos/Estúdio Treze)
Na força das ponteiras
Se na recepção o desempenho do time não é perfeito, a parceria entre Gabi e Natália rendeu muitos frutos ao ataque do Rexona-Ades. Nesta temporada, as duas chegaram à decisão como as principais atacantes do campeonato – na estatística –, com a mineira Gabi levando vantagem e ficando com o prêmio individual. Além disso, Gabi foi a principal pontuadora da competição, com 426 acertos ao longo dos 29 jogos, uma média de quase 15 pontos por jogo.
Já Natália foi a maior pontuadora da decisão, com 16 acertos, e vibrou muito com o título e a conquista individual, tendo em vista que uma lesão e cirurgia na canela a fez imaginar que a carreira poderia não ter a sequência imaginada. "Fiz a primeira temporada boa desde 2010. Depois da contusão, foi minha melhor e uma das melhores da carreira. Assim que operei, não sabia se voltaria com toda a potência que tinha. Minha principal característica é a força e não conseguia saltar, fiquei muito tempo chateada por isso. Agora, me dá um alívio muito grande, porque a Natália voltou", avaliou a camisa 12 ao SporTV.
Apesar de não ser destaque no ataque, Carol demonstrou ao longo da temporada o seu poder decisivo para o Rexona em um fundamento que domina como ninguém neste ano: o bloqueio. Apenas na decisão, foram quatro pontos em blocks, responsáveis por ajudar na construção de boa vantagem ao time carioca em determinados momentos do jogo.
A meio de rede carioca entrou na decisão com 29,5% de sucesso em 322 ações de bloqueio, resultando em 95 pontos; número este que chegou a 99 com o desempenho nesta decisão (quase 3,5 de média por jogo). Companheira de Carol na rede, a central Juciely alcançou a decisão com o nono melhor desempenho em bloqueio, quase 24% de sucesso.
Gigante Fabi
Além disso, também merece menção a líbero Fabi, terceira melhor defensora da temporada, sendo superada apenas por Suelen (Sesi-SP) e Camila Brait (Molico/Nestlé). Ídolo da seleção brasileira, Fabi se consolida a cada ano como a jogadora que talvez seja a mais identificada com o time do Rio de Janeiro.
Bernardinho e mais uma conquista para a carreira: décima Superliga.
(Foto: Thomás Santos/Estúdio Treze)
Toque de mestre
Inegavelmente, Bernardinho – ao lado de José Roberto Guimarães – é um dos principais nomes da história do esporte brasileiro. No voleibol, não há dúvidas, são os dois maiores. Não apenas pelos títulos, mas pela capacidade de extrair de cada atleta o seu melhor. No projeto desde os tempos em que a sede era o Paraná, o comandante da seleção brasileira masculina também levantou seu décimo troféu na competição nacional.
Bernardinho merece elogios não apenas pelo trabalho com as titulares, mas também com o olho clínico no descobrimento de novos talentos e o bom aproveitamento das peças do banco. Nomes como Amanda, Bruna, Mayhara e Roberta também foram importantes em algum momento da temporada, chamadas pelo professor.
Ainda após a semifinal contra o Minas, Bernardinho analisava que os problemas dos adversários permitiu ao Rexona ter maior regularidade.
– O time nunca se acomoda. Não era pra termos chegado dessa maneira, não éramos favoritos antes da competição, tivemos altos e baixos. Mas houve inconsistência de algumas equipes. O Minas não começou o primeiro turno, fez um segundo esplendoro com a chegada da Jaqueline, que realmente deu outro padrão à equipe. Outras equipes tiveram jogadoras contundidas. No caso do Osasco, a Dani Lins machucada; o Sesi perdeu a Monique, encontrou uma Bárbara em ótima forma, mas perder uma Monique é algo significativo. Então, isso nos deu a oportunidade de sermos um pouco mais consistentes.
***
A caminhada do título
1ª fase: 23 vitórias em 24 jogos - 71 sets vencidos e 16 perdidos
Única derrota: 26ª e última rodada da fase classificatória, para o Sesi-SP, por 3 sets a 2, no Rio
Quartas de final: 2 jogos a 0 contra o São Cristóvão Saúde/São Caetano
Jogo 1: São Caetano 0x3 Rexona-Ades, no Lauro Gomes, em São Caetano (SP) - 21/25, 13/25 e 17/25
Jogo 2: Rexona-Ades 3x1 São Caetano, no Tijuca Tênis Clube, no Rio de Janeiro (RJ) - 25/19, 12/25, 25/23 e 25/16
Semifinal: 2 jogos a 0 contra o Camponesa/Minas
Jogo 1: Minas 1x3 Rexona-Ades, na Arena Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte (MG) - 23/25, 25/22, 22/25 e 15/25
Jogo 2: Rexona-Ades 3x0 Minas, no Tijuca TC, no Rio de Janeiro (RJ) - 25/17, 25/18 e 25/21
0 comentários :
Postar um comentário