De Belo Horizonte.
Por João Vitor Cirilo e Matheus de Oliveira.
Por João Vitor Cirilo e Matheus de Oliveira.
14/01/12 - De Patos de Minas para o mundo. Assim podemos simplificar a trajetória da mineira Vanessa Cristina Pereira, de 23 anos, eleita a melhor jogadora de futsal do mundo em 2010 e 2011 pelo site
futsalplanet.com. Ala do Unochapecó/Nilo Tozo/Aurora/PMC/Female, clube de Chapecó, oeste de Santa Catarina, Vanessa tem de títulos estaduais a conquistas mundiais com a Seleção Brasileira.
De família simples, a jogadora não chegou ao posto ocupado atualmente por acaso. No decorrer da conversa, Vanessa contou sua trajetória no esporte. Convido-os para perceberem que, ao contrário de muitos esportistas que se acham donos do mundo, a ala, que é dona dele no futsal, nos faz sentir que ela é gente como a gente, afinal, como a craque diz: "Não existe ninguém melhor do que ninguém. Existe algo que uma possa ter que a diferencie da outra".
Comecei com cinco anos de idade. Morava dentro de uma escola (Adelaide Maciel). Passei 14 anos da minha vida morando ali e por meus pais trabalharem na mesma como ajudantes de serviços gerais, tinham a chave de tudo, inclusive das quadras, onde ficavam as bolas. Sendo assim, uma boa parte, aliás, toda parte da minha infância foi dentro da quadra. Meu pai também trabalhava numa escolinha de futsal e com isso fui pegando o gosto pelo esporte, mas acho que isso já veio no sangue, a paixão pelo futsal.
Um amigo chamado Cicinho me levava para dar os primeiros chutes e correr atrás da bola. Após isso, entrei na escolinha do meu pai. Assim surgiram mais meninas querendo participar e montamos a primeira equipe para jogar os Jogos da Juventude, que é o escolar da cidade, através da ajuda do professor Gildo. Minhas aulas de Educação Física eram apenas jogando futsal. Saía de algumas aulas pra jogar futsal. Mais tarde, aos 12 anos, entrei na primeira escolinha de futsal apenas para meninas, a WM, com o professor Epitácio, onde saíamos de Patos para jogar na região. Aos 17 anos, joguei os Jogos Escolares Estaduais, onde a equipe de Governador Valadares me viu e a partir daí me chamaram para jogar para eles. Depois daí, minha carreira se resume em títulos nacionais e a saída para o sul, jogando primeiro em Caçador e depois na Unochapecó, onde estou até hoje. Desde criança desejava chegar à Seleção Brasileira, ter a minha carreira reconhecida, mas quando isso acontece a gente não acredita. (A gente) Quer e espera que aconteça, mas não acredita!
Minha família, de uma certa forma, sempre me apoiou. Minha mãe um pouco menos. Não gostava que eu jogasse bola com os meninos e às vezes me batia pra ir para casa e não sair pra jogar. Mas graças a Deus deu tudo certo e hoje sinto que de certa forma sou um orgulho deles! E o apoio que deram tento retribuir.
Você foi considerada a melhor atleta do esporte em 2010 e 2011. Lá no início de carreira, já imaginava que poderia chegar a receber tal reconhecimento?
Não. Eu queria ser uma atleta boa, treinava todos os dias pensando nisso, mas não imaginava ser a melhor do mundo.
Eu não penso nisso, sabe? Penso em fazer meu trabalho e fazê-lo bem. Hoje temos uma cobrança muito grande e, em cima disso, buscamos o melhor. Se isso acontece fico muito feliz, mas se não, estou ali buscando o melhor e isso já esta bom. Acredito que, hoje, todas as meninas que estão no futsal e que podem ser concorrentes são aquelas que estão treinando e jogando comigo e contra. Não existe ninguém melhor do que ninguém. Existe algo que uma possa ter que a diferencie da outra. Então, quando algumas pessoas pensam que podem ser, de uma hora pra outra elas se tornam. Temos atletas de excelência em todo o mundo e elas estão em busca disso também.
No final de 2011, o Brasil conquistou o bicampeonato Mundial, tendo inclusive você sendo decisiva, marcando os dois gols que deram o título. Individualmente falando, qual o valor de uma conquista desse nível para uma atleta do futsal? E quais fatores você destacaria daquela conquista?
Acho que a qualidade do trabalho e das atletas ali, a paciência e persistência foram os aspectos importantes no título. Para mim e para qualquer uma que estava ali acho que foi marcante, pois tínhamos uma Sportv transmitindo o jogo, o que é um fato histórico para a gente. Também a forma como foi a vitória, a dificuldade... deu uma sensação de "me sinto nas nuvens". Você poder ser e fazer parte de uma seleção que foi bicampeã mundial, onde teve que trabalhar muito pra conquistar isso, me deixa orgulhosa e imensamente feliz!
Na sua opinião, o que ainda falta para o futsal feminino cair nas graças do torcedor e a que se deve a pouca visibilidade dos torneios?
O apoio dos canais de televisão transmitindo jogos, falando mais sobre o futsal feminino. Você ver uma final como foi a do Mundial e ver pessoas comentando depois, já se nota como isso pode ajudar a evoluir. Acho que já evoluímos quanto ao passado, mas infelizmente não temos ainda o mesmo apoio que o masculino tem. Hoje você vê jogador ganhando milhões e a mídia em cima dele, mas quando está num jogo importante, onde ali ele tem que mostrar sua qualidade, ele não aparece, não joga! Acho que isso deveria mudar. Hoje o futsal feminino e também o futebol feminino dão gosto de ver, mas infelizmente não são mostrados e valorizados quanto merecem. É isso que precisa mudar pra evoluir.
Infelizmente, em nosso país, ainda não é possível para todas as atletas se dedicarem inteiramente a alguns esportes. Hoje é possível se dedicar somente ao futsal feminino ou ainda falta investimento?
Felizmente, o Chapecó tem uma estrutura ótima, o que nos dá a possibilidade de apenas nos dedicarmos ao esporte, e também à faculdade, que é o que penso ser minha garantia para o futuro. Hoje, infelizmente o futsal feminino não é algo duradouro. Pode acabar daqui a 4 anos... não sei. Com a possibilidade de conciliar o futsal e o estudo, garanto algo pro meu futuro. Mas, em algumas equipes, as atletas têm que trabalhar, não se dedicam apenas ao futsal.
Há algum ídolo no esporte que você tem como exemplo?
Felizmente, o Chapecó tem uma estrutura ótima, o que nos dá a possibilidade de apenas nos dedicarmos ao esporte, e também à faculdade, que é o que penso ser minha garantia para o futuro. Hoje, infelizmente o futsal feminino não é algo duradouro. Pode acabar daqui a 4 anos... não sei. Com a possibilidade de conciliar o futsal e o estudo, garanto algo pro meu futuro. Mas, em algumas equipes, as atletas têm que trabalhar, não se dedicam apenas ao futsal.
Há algum ídolo no esporte que você tem como exemplo?
Tem sim. Vander Iacovino e Manoel Tobias são pessoas que foram exemplos dentro e fora da quadra. E é isso em que me espelho.
O futsal deveria ser modalidade olímpica?
Com toda a certeza!
Quais as expectativas suas e da equipe para 2012?
Manter a equipe competitiva. Acho que a busca da melhoria contínua, que é o lema da nossa equipe, fará com que o ano seja tão bom ou melhor que 2011. Esperamos sempre o melhor e vamos em busca dele!
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