De Belo Horizonte.
Por Matheus de Oliveira.
07/11/2011 - Neste fim de semana tivemos a 33ª rodada do Campeonato Brasileiro e muitos jogos que chamaram a atenção. Bahia x São Paulo, numa virada surpreendente do tricolor baiano, a vitória do lanterna América sobre o líder Corinthians, a goleada que o Flamengo aplicou sobre o Cruzeiro que caminha a passos largos para a segunda divisão. Mas um outro jogo me chamou a atenção. Na verdade, não o jogo, mas um lance e uma declaração após a contenda.
Internacional e Fluminense duelaram no Beira-Rio e os cariocas conquistaram a vitória por 2 a 1. Uma importante vitória, que, mais do que os 3 pontos, garante um passo à frente na disputa por uma vaga no G-5. Os gols do tricolor foram marcados por Rafael Moura e Rafael Sóbis. O último, diretamente ligado ao clube colorado. Sóbis foi campeão da Libertadores e do Mundial em 2006 pela equipe gaúcha.
Após grandes apresentações e conquistas, o atacante foi para o exterior, jogar no Bétis e depois no Al-Jazira dos Emirados Árabes. Em 2010, o ídolo colorado volta ao clube que o revelou para o mundo, por empréstimo, mas não chegou a marcar gols, sequer a entrar em campo. Desacreditado pelas seguidas contusões os dirigentes do Inter não fizeram questão de tê-lo no elenco nesta temporada. O Fluminense de Abel Braga, que também foi campeoníssimo no Inter na mesma época de Rafael, resolveu apostar no jogador.
Profissional, Sóbis mais cedo ou mais tarde enfrentaria o clube em que é ídolo. Ontem foi o dia. Antes mesmo da partida, o jogador afirmou que não comemoraria, se marcasse gols. Bastou a declaração para torcedores, jornalistas e críticos de plantão chamarem-no de hipócrita, dentre outros adjetivos nada simpáticos.
Tudo bem que o gol é o momento maior do futebol, como diria Alberto Rodrigues, mas, sabemos também que, mesmo no mundo profissional do esporte, em que "dinheiro é lorota, o que manda é la nota", como gosta de dizer o ex-craque Jair Bala, temos homens em campo. Homens de carne e osso. Homens que tem sentimentos e que a emoção quase sempre sobrepõe-se à razão. Não é fato novo um jogador não comemar um gol contra seu ex-clube, como Kléber fez quando marcou contra o Cruzeiro, como Obina, quando marcou contra o Flamengo.
Foto: Jornal do Brasil |
A atitude de Sóbis é como o da esquerda no mundo político. Apesar de obrigados a viverem num mundo em que o dinheiro é o que manda, a desmotivação e a nítida antipatia pelo sistema fica evidente. Quem muito lutou para o profissionalismo do futebol, talvez, esqueceu de prever que chegaríamos ao ponto que chegamos hoje. Podemos fazer um paralelo com a filosofia de Marx, que tinha como objetivo uma sociedade mais justa, com a adequada distribuição de renda, em que o dinheiro seria apenas um fator a mais ou a menos. Um pensamento muito questionado. O que não podemos questionar é o diagnóstico feito por Marx, quando dizia que onde há o capital como objetivo, inevitavelmente teríamos, como temos, conflitos. Vai falar que o nível do futebol de hoje, comparado ao de anos atrás não é um conflito? E dos grandes.
Hoje, a bola esteve comigo, Matheus de Oliveira, mas já passo-a para o competentíssimo João Vitor Cirilo dominá-la com categoria e, amanhã, continuar batendo bola com vocês.
Abraços a todos, beijos a todas.
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