terça-feira, 15 de novembro de 2011

"A bola está comigo": É coisa da profissão

De Belo Horizonte. 



A coluna de hoje visa uma reflexão. Ano passado, quando este blog ainda não existia, mas já rabiscava algumas críticas, resolvi escrever sobre o comportamento de treinadores que evitam a imprensa. Acompanhe:

Por que quando o filho tira notas vermelhas na escola o pai puxa sua orelha?
Por que quando um jornalista solta uma informação errada recebe críticas?
Por que quando um apresentador de TV não consegue boa audiência o dono da emissora o cobra por isso?
Por que quando uma faxineira esquece de tirar o pó da mesa o patrão a repreende?

Por que isso faz parte da vida profissional de qualquer um. Qualquer trabalhador, independentemente de sua profissão, é cobrado pelo que faz ou pelo que não faz.
Ser técnico de futebol é uma profissão como qualquer outra, aliás, há uma diferença. O treinador tem milhões de patrões e, ainda outros profissionais (os jornalistas) que tem o dever de "delatar" o que ele faz e criticar o seu desempenho.

É claro que, todo patrão quer saber o que seu empregado faz. E o único meio de se informarem é pela imprensa. Esta, não pode mais acompanhar os coletivos das equipes, não pode mais ver as jogadas ensaiadas, não pode, sequer, em algumas oportunidades, ter acesso ao CT (que é seu escritório) para saber o que acontece dentro do clube.

Assim, o patrão não sabe o que acontece dentro do clube. Não sabe se o ambiente de trabalho está bom ou ruim. Não sabe se tem um jogador sacaneando o treinador.
Como o patrão pode incentivar um funcionário que faz o seu trabalho de forma improdutiva sem dar alguma explicação? Como o patrão pode aguentar isso? Como o patrão pode ficar sem cobrar desse funcionário?
E, o funcionário que não dá suas explicações? Merece continuar no trabalho, enquanto o patrão não sabe o que se passa dentro da empresa? Nem o mais bobo aceitaria. Ah, e o funcionário que fala que não teve totais condições de trabalho tentando explicar o desempenho ruim, sendo que o patrão não foi informado, pois não deixaram que os "delatores" soubessem. 

A imprensa informa, o patrão fica informado e tira suas conclusões do trabalho do funcionário.
A imprensa não pode dizer que o funcionário vai bem quando vai mal. E nem que vai mal quando vai bem. Deve perguntar ao funcionário o que acontece dentro do clube para que o patrão tire suas conclusões. Mas o funcionário não gosta de responder, briga, manda indiretas, xinga a imprensa. Rabo preso?

Esse texto (com alguns errinhos, reconheço, rs) foi escrito em agosto de 2009 a uma crítica indireta ao então treinador do Cruzeiro, Adílson Batista. Falei de reflexão no início da coluna. A que deixo é: até quando o direito do patrão ficar bem informado será vetado? Hoje não se tem mais a liberdade que a imprensa esportiva tinha antes. Houve um retrocesso. Enquanto o jornalismo, em geral, ganhou cada vez maior espaço para uma abordagem livre, os jornalistas esportivos cada dia ficam mais blindados ao que acontece dentro dos clubes.

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