domingo, 10 de julho de 2011
E não deu de novo...
Arthur Stabile,
de São Paulo.
Em mais uma Copa do Mundo do futebol feminino nossa seleção não conseguiu chegar ao título, desta vez caiu diante das americanas, mesmo com uma jogadora a mais durante o final do segundo tempo e toda a prorrogação. Novamente nossa equipe deu azar, sofreu o empate no final da prorrogação e foram cabisbaixas para a batida de penais, visivelmente desapontadas pelo gol sofrido no último minuto.
O começo do jogo foi trágico. No primeiro minuto do jogo os Estados Unidos conseguiram abrir o placar, ou melhor, nossa jogadora marcou o gol, porém foi contra. Daiane tentou cortar o cruzamento e jogou a bola para trás, superando Andréia, que não chegaria no lance. Caso a zagueira brasileira não tocasse na bola o gol teria saído da mesma forma, pois uma atacante chegava atrás das defensoras e complicaria a vida verde amarela. Mesmo indo mal no começo do jogo Daiane foi bem na partida, cobriu bem a defesa e interceptou algumas das poucas jogadas ofensivas dos EUA.
Se o adversário não criava o Brasil comandava o jogo. A posse de bola brasileira era muito superior e a criação também funcionava. Marta teve boa chance, quando arrancou do meio campo, venceu a zagueira na correria e chutou a bola por cima do gol defendido pela goleira Solo. Formiga e Cristiane arriscaram de fora. No chute da volante a mira estava ruim e errou a meta, enquanto que o da atacante acertou o caminho gol, mas Solo estava no meio e fez fácil e boa defesa.
Fabiana também assustou. A volante passou por três defensoras e cruzou. Sem querer colocou efeito na bola, que fez uma curva e enganou a goleira, acertando o travessão americano. O gol canarinho estava perto, entretanto, o fim do primeiro tempo chegou primeiro.
Apesar da pausa as coisas seguiram com o mesmo roteiro: Brasil no ataque e os EUA tentando encontrar alguma chance no contra-ataque. Sendo assim Cristiane e Marta fizeram a diferença. A terceira melhor jogadora do mundo teve a primeira chance, chutando da ponta direita da grande área e fez a goleira se esticar toda para fazer a defesa em dois tempos. Para equilibrar o jogo as americanas chegaram em cobrança de falta, quando Lloyd testou a bola no travessão do gol defendido por Andréia.
O jogo caminhava para a derrota do Brasil, até Marta mostrar porque é a melhor do mundo. Cristiane, do meio campo, lançou a camisa 10 na área, ela estava cercada por três americanas, a jogada parecia morta. Parecia, pois estamos falando de Marta. A atacante chapelou as duas defensoras que estavam à sua frente e saiu na cara do gol. Antes que chutasse a zagueira Buehler segurou nossa jogadora e fez falta. Penalidade máxima assinalada pela juíza australiana Jacqui Melksham, que expulsou a jogadora americana.
Na primeira batida Cristiane desperdiçou, bateu mal e Solo defendeu. Porém, houve invasão das jogadoras americanas, fazendo a batida voltar. Assim a capitã Aline mudou a batedora, pegou a bola e deu para Marta decidir o lance. Não deu outra, gol do Brasil e ainda tinha muito tempo para conseguir vencer, além de uma jogadora a mais. Mas nosso time não conseguiu aproveitar estas vantagens no tempo regulamentar e a prorrogação foi necessária.
A juíza apitou o início do primeiro tempo da prorrogação e o Brasil foi pra cima. Antes dos dois minutos uma bela jogada de Cristiane, Maurine e Érika, terminando no cruzamento que encontrou Marta na área. Em bela demonstração de sua habilidade a jogadora chutou da ponta esquerda da pequena área disputando com a zagueira, venceu o lance e acertou a parte interna da trave. A trajetória da bola seguiu rumo o fundo do gol e a virada finalmente chegou. Com esse gol nossa camisa 10 igualou a marca da alemã Prinz, com catorze gols em Copas do mundo, sendo as maiores artilheiras da história.
Com o gol o time brasileiro focou em manter o placar, tentando segurar a classificação. Quando não foram as zagueiras, a goleira Andréia salvava o time. Na principal chance do primeiro tempo do time do tio Sam a atacante Lloyd chutou no canto, mas a arqueira foi bem, mandou a bola para escanteio e salvou o time de sofrer o segundo gol.
Na volta para o segundo tempo as coisas se inverteram, o time americano buscou o gol durante todo o tempo e conseguia pressionar apesar de estar em desvantagem numérica. O técnico Kleiton, da nossa seleção, bobeou, pois a volante Esther sentia lesão ainda no primeiro tempo do jogo, mas não saiu da partida. Além disso, não soube aproveitar a jogadora a mais, sem colocar uma atacante a mais e ainda deixando a habilidosa Érika na defesa.
E pagou pelo erro. No minuto final dos acréscimos o time foi castigado. Em novo erro defensivo do Brasil o EUA conseguiu empatar o jogo, quando Andréia saiu mal do gol em lance que não precisava, pois haviam quatro defensoras à sua frente. Aproveitando a brecha a meio-campo Wambach apenas teve o trabalho de acertar o caminho do gol. 2x2, penais e a euforia brasileira deu lugar a decepção do empate.
As jogadoras sentiram demais o gol no ultimo lance do jogo e isso afetou muito o emocional nas cobranças dos pênaltis. As americanas começaram batendo. Andréia pegou o chute, mas se adiantou muito, a cobrança voltou e Boxx não perdeu de novo. Cristiane foi a primeira brasileira, chutando com categoria, rasteiro no canto esquerdo. Lloyd e Marta também marcaram nas suas chances.
Wambach, nossa carrasca, foi a segunda a bater e também anotou seu gol. Andréia, que errou nos dois gols brasileiros era a terceira a cobrar. Enquanto o técnico pensou que ela iria se redimir os torcedores pensavam o contrário. E acertaram. Bateu mal no canto esquerdo, à meia altura, facilitando a vida da goleira Solo. Nas demais cobranças Rapione e Franciele fizeram. A classificação estavas nos pés de Krieger, ou nas mãos de Andréia. A americana foi mais eficiente e marcou o gol final da brilhante passagem do time dos EUA.
Mais uma vez não deu para nossa seleção. O time é extremamente habilidoso, mas não tem levado sorte nas partidas decisivas das competições. Apesar disso o rendimento das jogadoras desse ser ressaltado. Se compararmos os resultados desta seleção com o investimento ridículo no futebol feminino estamos em grande vantagem. Se quisermos um dia ser uma potência em muitos esportes temos que ampliar os investimentos, não basta ter habilidade ou dom, boas condições de treinamento são necessárias para a conquista de resultados expressivos.
Fotos: Reuters
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