quinta-feira, 16 de junho de 2011

Ficou para o Pacaembu... Peñarol e Santos não saem do zero na primeira decisão da Libertadores

Isabelly Bragheto,
de São Paulo.

16/06/11 - O Santos segurou a pressão do Peñarol nesta quarta-feira, em Montevidéu, e conquistou um importante empate por 0 a 0, na primeira partida válida pela final da Copa Libertadores. Apesar de atuar em um cenário completamente adverso, especialmente pela pressão da torcida rival, o clube comandado por Muricy Ramalho atuou de forma madura e sustentou a igualdade.

Com presença maciça no Centenário, a torcida do Peñarol deu um show à parte, sobretudo a partir da entrada da equipe no gramado. A atmosfera característica dos jogos da equipe uruguaia foi levada às últimas consequências, o que também possivelmente colaborou para um Santos nervoso até o intervalo. Mas, acima de tudo, os santistas foram novamente uma equipe totalmente refém do futebol insaciável de Neymar.

O Santos, embora tenha um cenário favorável, pois decide no Pacaembu, deve se cuidar. Nas três fases de mata-mata desta Libertadores, o Peñarol eliminou seus adversários atuando longe do Uruguai. Também foi assim que o clube uruguaio venceu todos os seus cinco títulos continentais.

FOTO: ANDRES STAPFF / REUTERS


O Santos, ao contrário do Peñarol, teve problemas para conhecer seu onze inicial em Montevidéu. Ao todo, foram quatro desfalques para Muricy Ramalho, sendo três da linha defensiva: Jonathan e Léo, os laterais, lesionados, além de Edu Dracena, suspenso. Sem mistério, o treinador confirmou os substitutos.

Junto de Rafael e Durval, titulares habituais, jogaram os laterais Pará e Alex Sandro, experimentados desde as conquistas de 2010. Bruno Rodrigo, que tem Muricy como um admirador, surpreendeu e foi selecionado em detrimento de Bruno Aguiar. Adriano, marcador de Martinuccio, ficou recuado no meio, enquanto Arouca apareceu também centralizado, mas mais à frente. Elano e Danilo, respectivamente abertos pela direita e pela esquerda, davam a sustentação para Zé Eduardo e Neymar, este partindo sempre da esquerda para o meio.

É verdade que o gramado do Estádio Centenário pouco facilita a troca de passes, mas a equipe santista, nos 45 primeiros minutos da decisão da Libertadores, mostrou tremenda dificuldade em controlar o jogo impondo sua qualidade. Só mesmo quando Neymar pegou na bola e fez duas jogadas para conclusões de Alex Sandro, é que as coisas realmente fluíram para o Santos. Além de um lance na bola aérea com Bruno Rodrigo que também assustou.

Como o Peñarol é um time de pouco jogo trabalhado, a primeira etapa decepcionou tecnicamente, apesar da festa da torcida do Peñarol. Já com 6 minutos, o time da casa assustou quando Oliveira apareceu livre diante de Rafael após troca de passes rápidos na grande área. Atento, o goleiro santista apareceu rapidamente nos pés do atacante, evitando o pior para o Santos.

Neymar, hostilizado pelos torcedores, resolveu jogar quando foi advertido por cartão amarelo por uma suposta simulação. Assim que se levantou, pediu a bola e fez jogada de cinema. Levou vários defensores do Peñarol e serviu Alex Sandro, que chutou firme e fez Sosa saltar rente à trave para evitar o lance mais incisivo da primeira etapa. No escanteio, Bruno Rodrigo subiu bem e desviou levantamento com a cabeça até o travessão. Por um instante, o Centenário se silenciou.


A primeira etapa também reservou espaço para um lance polêmico, mas em que Carlos Amarilla mandou seguir. Corujo recebeu em diagonal pela direita e, ao se aproximar da área, foi derrubado por Alex Sandro, pouco atrás da linha. O árbitro paraguaio, que marcava poucas infrações, deixou seguir mais essa. E, de novo pela direita, o Peñarol ameaçou logo depois, aos 23 minutos. O lateral Alejandro González chutou firme na entrada da área, mas a bola saiu por cima do gol.

Com Danilo prejudicado pelo esquema de jogo, Elano tecnicamente mal e Arouca instável, o Santos só poderia mesmo criar algum lance de perigo a partir de Neymar. E ele reapareceu aos 25 minutos, servindo Alex Sandro para nova finalização. Desta vez, a bola saiu fraca e nem assustou. O Peñarol só daria sua resposta nos lances derradeiros do primeiro tempo: já com 44 minutos, Freitas rebateu do meio-campo e Guillermo Rodríguez apareceu na frente de Rafael. Sem cacoete de atacante, ele desperdiçou ao tocar por cima com a perna esquerda.

Mais à vontade depois do intervalo, o Santos se mostrou outra equipe para o segundo tempo. Longe de muito brilho, até pela dificuldade do confronto, mas muito mais capaz de criar algum lance com bola trabalhada. Já com 3 minutos, depois de uma bola respingada, Zé Eduardo pintou na frente de Sosa e arrematou sobre o goleiro, que saiu rápido e bem de sua meta.

FOTO: ANDRES STAPFF / REUTERS


Pouco depois foi a vez de Neymar, que disparou e deixou defensores para trás, mas acabou travado por Corujo quando iria concluir o lance. Ciente da dificuldade que sua equipe tinha em criar, Diego Aguirre promoveu duas trocas, o que surtiu resultado. Saíram os dois homens da beirada do campo: Corujo e Mier deixaram o gramado para Toni Pacheco e Estoyanoff, ambos muito queridos pela torcida do Peñarol.

O Santos, que ainda teve outra chance claríssima na cabeça de Zé Eduardo aos 26 minutos, viu o Peñarol se mandar de vez e criar três ocasiões consecutivas. Aos 27, Martinuccio recuperou bola espirrada por Durval e bateu nas mãos de Rafael. O camisa 1 santista reapareceu segundos depois para rebater uma pancada de Estoyanoff. Alex Sandro, exatamente na sequência, travou Olivera na marca do pênalti.

Pelo fato de atuar em casa no primeiro confronto, o Peñarol buscou um abafa nos últimos minutos de jogo, e deixou o Santos acuado até o final do jogo. O clube uruguaio chegou até a balançar as redes do goleiro brasileiro Rafael. Aos 40 minutos, após cruzamento rasteiro pelo lado esquerdo, Diego Alonso completou para as redes; contudo, o árbitro anulou o gol por conta da posição irregular do veterano centroavante de 36 anos.

O gol anulado foi contestado pela equipe e técnico uruguaios. As reclamações diminuíram a pressão do Peñarol até o final do jogo. Maduro defensivamente, o Santos conseguiu segurar a equipe uruguaia e levar o confronto para o segundo jogo, que será disputado no Estádio do Pacaembu, na próxima quarta-feira.

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