quinta-feira, 5 de maio de 2011

Malandro é Malandro. E mané, é mané?

João Vitor Cirilo,
de Belo Horizonte.

O tempo passa. E nossos dirigentes não aprendem. As notícias estão aí para quem quiser ver. A vida de um jogador de futebol é monitorada por quase 24 horas. Afinal, são mais do que simples jogadores de futebol. São estrelas, são exemplos, são espelhos.

A cada dia que se passa, novas notícias de jogadores frenquentadores "das noites" de suas respectivas cidades são vistas. Alguns deles, são alcoólatras e não se revelam como tal. Alguns deles até vão além da bebida, lamentavelmente.



Mas você, caro leitor, deve estar se perguntando o porquê desse título que, aparentemente, não se enquadra no assunto em questão. Se enquadra sim. E vou mostrar como.

O título da letra composta por Neguinho da Beija-Flor e interpretada por Bezerra da Silva expõe bem dois lados. O malandro, pode ser caracterizado como esses jogadores. O mané, no caso, os comandantes de nossas equipes. O primeiro mané é o treinador que solicita a contratação do mesmo aos diretores. O segundo mané é o presidente que não se impõe e facilmente aceita as exigências do treinador e, muitas vezes, gasta muito dinheiro na contratação do "bom malandro".

Como disse anteriormente, as notícias estão aí para quem quer ver. Eu não preciso ligar para o treinador ou presidente de determinado clube para saber que certo jogador tem algum problema dentro ou fora do clube. As informações se propagam num piscar de olhos.

Querem exemplos? Então lá vão.

O atacante Jóbson enfrentou demasiados problemas devido ao consumo de drogas e problemas de indisciplina. Chegou a perder um contrato de um milhão de reais com a equipe do Cruzeiro por protagonizar um escândalo de doping que o afastou dos gramados por um período de seis meses. Jóbson retornou ao Botafogo e assinou longo contrato, por cinco temporadas. Seis meses depois, foi afastado da equipe por cometer atos de indisciplina. Logo, alguns "manés" apareceram interessados em contar com os serviços do atleta. O "mané mór" foi o Atlético Mineiro que contratou o jogador, vinculando-o por empréstimo. Três meses depois, o jogador alegou estar insatisfeito em Belo Horizonte (não se sabe o porquê) e pediu dispensa. Foi atendido. O Botafogo portou-se como um bom malandro e não aceitou seu retorno antes do período pré-determinado. Agora, outro "mané" apareceu na história. O Bahia se apressou e assinou com o jogador por essa temporada.



Mas quem é mané de verdade tenta outra vez. O Atlético Mineiro está prestes a fechar um contrato com o jogador Carlos Alberto, ex-Vasco da Gama e Grêmio. Carlos Alberto saiu do Vasco após uma briga com a diretoria e chegou ao Grêmio como meia titular para a Taça Libertadores. Alguns jogos depois, foi dispensado da equipe gaúcha por motivos pelos quais "só Deus sabe". Após sua dispensa, alguns "manés" se interessaram. O Atlético parece ter vencido a corrida e o jogador pode ser declarado a qualquer momento como novo reforço.

Vocês notaram, no título dessa postagem, um questionamento? Se não notou, note. Eu questionei se esses "manés", no caso os dirigentes, são realmente manés. Esse caso pode ser bem exemplificado no caso do jogador Adriano.

Em seu retorno ao Flamengo, em 2009, foi um dos artilheiros do Campeonato Brasileiro, pelo clube carioca. Ía a baladas, frequentava os morros onde passou sua infância, consumia álcool. No primeiro ano, o "Imperador" foi acobertado pelos diretores que sequer questionavam o jogador em seus atos extra-campo. No ano seguinte, tudo mudou. Adriano não rendeu em campo, a diretoria cobrou e a torcida reclamou. O atacante, que havia se desligado do Inter da Milão alegando estar triste e pensando em parar de jogar futebol, recebeu proposta do Roma e disse que "ainda tinha algo a mostrar na Itália". Mesmo entrando em contradição, pois ele mesmo disse que seria no Brasil que encontraria sua felicidade, voltou para territórios italianos, participou de nove partidas em nove meses e sequer marcou gols.

Em 2011, o Corinthians foi atrás do jogador e fez altos investimentos para contratá-lo. Tudo ocorreu da forma esperada e o atacante assinou com o Timão. A volta do jogador para o Brasil poderia trazer muitos contratos e patrocínios que explorariam, sobretudo, o marketing. Adriano poderia trazer, além dos gols, dinheiro para o Corinthians. O clube paulista é o típico "mané" que quer agir como "malandro" e se dá mal. Se deu mal porque Adriano se lesionou e praticamente jogou a temporada no lixo. Falta de sorte? Talvez.



O Corinthians teve outra atitude do tipo dois anos antes, ao promover a volta de Ronaldo ao futebol brasileiro. Um jogador de renome, mas completamente limitado, após três recuperações de lesão e, senão bastasse esses problemas, se manteve muito acima do peso ideal. Mesmo apresentando essas limitações, no primeiro semestre do jogador pelo Brasil, foi responsável por ajudar a equipe a conquistar dois títulos. O Timão foi campeão paulista e campeão da Copa do Brasil, com Ronaldo em campo. Mas Ronaldo ajudou mais. Ajudou a promover a marca Corinthians pelo mundo, além de conseguir elevar (e muito) a lista de parceiros financeiros do clube. Nesse caso, o Corinthians se deu muito bem porque, mesmo com Ronaldo não rendendo nada no ano seguinte, os contratos de patrocínio prosseguiram e alguns prosseguem até hoje. Ah, Ronaldo ainda intermediou a vinda de Adriano para o clube paulista, o que até certo ponto, é (ou era) vantajoso para o Corinthians.

Os exemplos citados acima exploram bem o que eu quis dizer com o título. A falta de profissionalismo e compromisso deveria ser considerada como uma atitude de "mané". Mas devido ao comportamento e à aceitação de determinados "catedráticos" da direção esportiva, acaba se tornando uma atitude de "malandro" (no sentido da música referida). O jogador vem ao clube, recebe todas as condições de realizar um bom trabalho, se cuidar e demonstrar sua qualidade dentro das quatro linhas, mas por motivos óbvios, não consegue corresponder às expectativas de seu torcedor e de seus comandantes.

Todos sabem dos problemas. Mesmo assim, os diretores preferem arriscar. E assim eu chego a uma conclusão. Sabem quem é o verdadeiro mané da história toda? O torcedor, como sempre.

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