terça-feira, 22 de março de 2011

"Boleiros da Arquibancada" entrevista: Gustavo Villani

De Belo Horizonte.
Por João Vitor Cirilo e Matheus de Oliveira.


22/03/11 - Amigos, hoje trazemos a vocês uma entrevista com um representante da nova geração de excelentes narradores do Brasil. Falamos de Gustavo Villani, da Rádio Eldorado/ESPN e Canais ESPN. Gustavo aceitou gentilmente ceder um pouco de seu tempo para nos atender e a responder a nossas perguntas, que trazemos abaixo para vocês. Confiram.




Sobre o início de carreira: onde iniciou os trabalhos no jornalismo e como surgiu o interesse pela comunicação?
Eu sempre fui tarado por futebol, e o interesse vem desde sempre. Meu avô ouvia aos jogos pelo rádio, ia muito ao estádio em Marília e eu sempre o acompanhava. Até que decidi seguir meus instintos e apostar na profissão. Comecei no jornal "A Gazeta Esportiva", como estagiário.

Em quais outras mídias trabalhou e qual considera a melhor de se trabalhar?
A melhor é aquela onde a gente se adapta e gosta de trabalhar. Já fiz de tudo. Rádio, tv, jornal, revista, site. Cada mídia tem características próprias, vantagens e desvantagens.

Desde o início sua intenção já era de se tornar narrador? 
Não, narrar era uma brincadeira. Eu queria mesmo trabalhar, entrevistar aos jogadores, estar nos estádios. O desenrolar da profissão me levou a ser narrador. Tanto que comecei a narrar com 28 anos, tarde, se comparado a outros colegas.

Especificamente no rádio, quais outras funções já foi designado a cumprir? 
Fui estagiário, produtor, repórter, narrador, plantão... Nunca fui comentarista!

De onde veio e quem deu o apelido “Guga Gol”? 
O maluco do Maercio Ramos, colega da Rádio Globo. Uma simpatia de pessoa.

Guga, além de narrar as partidas na Rádio Globo, você também era âncora do programa “Globo na Rede”, ao ar nos domingos. Como surgiu o convite? E você prefere narrar partidas ou prefere apresentar os programas nos estúdios? 
Prefiro narrar partidas, sem nenhuma dúvida. Para o Globo na Rede, fui convidado pelo Álvaro Oliveira e Leonardo Stamillo, que eram meus chefes.


Gustavo Villani em transmissão pela Rádio Globo.
(Foto retirada do site "Papo de Bola")


E agora, Gustavo, o “fã de esporte” irá acompanhá-lo na Rádio Eldorado/ESPN. Como surgiu esse convite de se transferir? 
Estava chegando na Rádio Globo para trabalhar, quando tocou meu telefone. O Alex Tseng pediu para eu ligar para o João Palomino, que demonstrava interesse em conversar comigo. Pois então fui à ESPN, dia 25 de janeiro, para ouvi-los. Meu interesse foi imediato, e o deles também.


Você “debutou” na nova rádio na transmissão da partida entre São Paulo e Ituano, já criando um bordão. Após o primeiro gol, de Jean, você disse: “Sobe o Hino!”. Como surgiu a ideia desse bordão e como foi a aprovação dos colegas da nova casa?
Na Rádio Globo, não existe hino para a trilha sonora dos gols. Na ESPN, sim. Foi algo espontâneo, de momento. Achei que caiu bem, e os ouvintes e companheiros também aprovaram. Vou mantê-lo.

Também estará participando das transmissões pela televisão, Gustavo? 
Sim, muito em breve. Estou animado, será uma nova frente de trabalho para mim. Poucas vezes narrei um jogo para televisão. 

Apesar da TV, muitas pessoas ainda preferem acompanhar as transmissões pelo rádio. Na sua visão, a quê se deve essa preferência?
Acho que se deve à emoção da transmisão do rádio. Palavras pronunciadas com rapidez para chegar ao grito prolongado de gol. Na TV, a imagem é o mais importante.

Todas as mídias transmissoras de futebol devem pagar os direitos de transmissão, à exceção do rádio. Você vê isso como uma forma de compensar o “favor” que o rádio fez e faz ao futebol ou há algum motivo especial? 
Nem de longe o rádio fatura os números da televisão. A internet, por exemplo, também desfruta do recurso da imagem, e paga por eles.

Conte-nos uma história engraçada que tenha acontecido nos bastidores. 
Poxa, não sou bom de estórias! Mas vou tentar. Quando ainda estava em fase de treinamento para desenvolver embocadura, tinha lá meus treinamentos. Morava na Espanha, com uma amiga venezuelana. Um dia ela me perguntou se eu estava louco, já que falava sozinho, soltava grunidos e narrava gols, na solidão do meu quarto. Achava graça, porque tudo aquilo visto de longe de fato parecia um hospício. Coitada... Ela me aguentou um bocado.


Deixe uma dica àqueles que desejam se tornar um bom narrador futuramente. 
A melhor ferramenta para descrever um lance, um jogo ou uma estória qualquer, é o repertório de palavras. Sendo assim, acho que ler bastante é sempre muito importante. Ouvir a tudo e a todos também. É o que tento para mim, me faz bem, por isso sugiro aos colegas.

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